SINPRO-DF

Sinpro-DF se posiciona contra retorno das aulas 100% presenciais

By Jeová Rodrigues | 5 de novembro de 2021 0 Comments

Entidade alega que maioria das escolas não têm condições de manter o distanciamento em sala de aula por falta de espaço

Professores da rede pública de ensino do Distrito Federal junto com membros do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF) e de outras entidades de classe estiveram reunidos, nesta quarta-feira (3), a frente do Edifício Phenicia, no Setor Bancário Norte (SBN), local onde funciona a Secretaria de Educação para protestar contra a decisão do governador Ibaneis Rocha (MDB) de retomar aulas presenciais com 100% dos estudantes da rede pública de ensino, em plena pandemia do novo coronavírus.

O Sinpro-DF é contra o retorno de 100% dos alunos pelo fato de que grande parte das escolas não tem infraestrutura adequada para receber os estudantes e ao mesmo tempo manter o distanciamento. “Nós entendemos a importância que tem a escola, as aulas presenciais, tanto é que os professores já estão 100% em trabalho presencial. O que nós queremos é discutir com a Secretaria são melhores condições para esse retorno total. Isso implica entender que as escolas são diferentes, pois tem escolas que tem condições, já outras não”, uma das diretoras do Sinpro-DF, Rosilene Corrêa.

Conforme a diretora ressalta, a pandemia não acabou, por isso, todo cuidado ainda continua sendo necessário. Para ela, o governo está tentando iludir a população dizendo que não tem mais perigo, mas, os especialistas dizem justamente o contrário. “O vírus continua matando”, afirma Corrêa.

Também presente na manifestação, o presidente da Central Única dos Trabalhadores do DF (CUT-DF), Rodrigo Rodrigues, também criticou a decisão do governo e disse que se trata de um “retorno atabalhoado, que não pode ser aceito”.

“O governo toma uma decisão de retorno 100% presencial sem fazer nenhum diálogo com a categoria, com o sindicato, com os gestores de escola, é uma medida eleitoreira, é uma medida politiqueira que só tem a intenção de criar um movimento populista para a sociedade”, diz Rodrigues.

Na opinião do presidente sindical, o retorno de 100% dos alunos é inviável tanto do ponto de vista pedagógico quanto do ponto de vista da saúde pública, uma vez que as contaminações continuam ocorrendo e as mortes também – atualmente no DF, são mais de 10 mil mortos e mais de 500 mil pessoas contaminadas pela covid-19.

O grande problema do retorno integral dos alunos é que junto com os 600 mil alunos e professores, há também toda uma comunidade escolar que entra em movimento, cerca de dois milhões de pessoas, segundo o Professor Júlio, também diretor do Sinpro-DF. “Por isso, o que nós estamos questionando é o retorno de 100% dos estudantes considerando que a maioria das escolas não tem um sistema de ventilação completa. Tem escola com sala de aula que nem janela tem”, lembra.

Segundo o professor, até o momento as crianças não foram vacinadas, e os jovens de 12 anos imunizados, com as duas doses, são menos de 2/3.

O mesmo defende a professor Thaiza Magalhães que, presente na manifestação, disse ser contra o retorno das aulas justamente pelo fato de que as escolas não possuem infraestrutura adequada para manter os alunos em sala de aula de forma distanciada a fim de evitar possíveis contágios. “As salas de aula, na enorme maioria das escolas, não têm condições de receber 40 alunos sem eles ficarem amontoados um em cima do outro. Muitas escolas servem o lanche na sala”, diz.

Para Magalhães é preciso que o governador Ibaneis e a Secretaria de Educação tenham responsabilidade com a vida dos profissionais que estão na escola, mas não só, também com a dos estudantes e de seus responsáveis.