Doação de órgãos: DF tem 745 pessoas na lista de espera por um transplante; conheça histórias
Foi em um gesto de amor que Marcos Antônio Gomes de Araújo, de 61 anos, doou um de seus rins em 1988 para a irmã dele, Kátia Regina, quando ela começou a perder funções renais e foi diagnosticada com insuficiência renal crônica.
Ele conta que “não pensou duas vezes” em querer ser o doador. “Ela precisou e eu só entreguei”. O rim de Marcos em Kátia durou apenas um ano, em seguida a irmã dele teve uma parada cardíaca e morreu.
Marcos conseguiu viver por 28 anos somente com um rim até que inesperadamente sofreu um infarto e teve uma série de complicações, até ser diagnosticado com cardiomiopatia hipertrófica que logo depois acabou acometendo o rim e o coração.
“Eu nunca imaginei que fosse precisar de outro rim. Eu vivia perfeitamente com um. E ainda mais precisar de um novo coração.”
Ele ficou cerca de seis meses aguardando pelos dois novos órgãos na lista de espera do Sistema Único de Saúde (SUS). A enfermeira coordenadora de Serviços de Transplantes do Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF), Carolina Couto, comenta que por Marcos já ter doado um órgão e pela condição clínica dele estar agravada por ter apenas um rim, ele entra como prioridade na lista.
Até a publicação desta reportagem, 745 pessoas aguardam na lista de espera por um transplante de órgão no DF. Este número é atualizado diariamente.
Desse total, 670 aguardam por um rim, 54 por um coração e 21 por um fígado.
Enquanto isso, 254 pessoas já receberam um novo órgão no DF somente este ano. Segundo os dados do Ministério da Saúde.
Coração em tempo recorde
Elaine Cristina da Costa, de 46 anos, recebeu um novo coração em tempo recorde. Em cinco dias ela já estava transplantada.
Seu caso era considerado prioridade de emergência nacional porque seu coração estava bombeando apenas 18% do sangue para todo o corpo.
Na época, em 2015, ela havia sofrido uma insuficiência cardíaca, ocasionada pela doença de Chagas, que ela já lutava contra há 12 anos.
Em um cenário delicado e de medo, a doação de alguém transformou a vida de Elaine.
“Quando eu recebi meu novo coração foi uma sensação indescritível. Eu sentia o sangue circular no meu corpo, o que há muito tempo eu não sentia. Quando eu vi o meu tornozelo pulsar me emocionei muito. É um renascimento. E uma gratidão de querer viver intensamente essa nova chance e fazer jus a causa da doação de órgãos”, comenta emocionada.
Rotina
Hoje ela se dedica a ir pelo menos uma vez na semana ao ICTDF para visitar os pacientes pré e pós transplantados, dando assistência motivacional, doando remédios, tirando dúvidas e ajudando a equipe multidisciplinar do Instituto. Para Elaine, o voluntariado é uma forma de retribuir o “Sim” que ela ganhou do doador.
Além disso, ela se dispõe a dar palestras e a comparecer em rodas de conversa para falar da importância da doação de órgãos, e como esse ato salvou a vida dela.
“Ao verem que o meu transplante deu certo, as pessoas podem querer doar seus órgãos também”, acredita Elaine.
A enfermeira coordenadora do ICTDF, Carolina Couto, destacou que um doador pode salvar até oito vidas.
“Quem morre por morte encefálica pode doar fígado, rins, pulmões, pâncreas, coração, intestino delgado e tecidos. A pessoa falecida por parada cardíaca pode doar tecidos, como córneas, pele, ossos, tendões e vasos sanguíneos”.
Tramitação no Congresso
Desde setembro deste ano, tramita na Câmara dos Deputados o projeto de lei que prevê que todo brasileiro seja doador de órgãos após a morte, e que caso este não deseja ser deve registrar em vida sua decisão.
O projeto de lei é chamado de Doação Presumida. E tem por objetivo aumentar e facilitar os transplantes no Brasil, diminuindo consequentemente a lista de espera. Sendo aprovado em regime de urgência, ele pode ser votado nas próximas sessões do plenário.
O que acontece nos dias de hoje é que mesmo a pessoa declarando querer doar seus órgãos após sua morte, essa decisão precisa ser autorizada pela família.
Com informações do Jornal de Brasília
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