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‘Defendo que a gente participe de uma frente de centro-esquerda no DF, não defendo que o PT saia sozinho’, argumenta Chico Vigilante ao comentar sobre as eleições de 2026

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O resultado das eleições municipais deste ano, e agora o resultado das eleições nos Estados Unidos, consagrando o direitista Donald Trump como vencedor, fez com que as articulações políticas no Brasil acelerassem. E no Distrito Federal não está sendo diferente. Em entrevista ao TaguaCei, nesta quarta-feira (6), o deputado distrital Chico Vigilante (PT) disse que, antes de falar em nomes para representar a esquerda na capital federal, é preciso construir um programa que atenda às necessidades mais básicas da população.

“Eu defendo que primeiro a gente tenha um programa que aponte para a geração de emprego no Distrito Federal porque mesmo com todo o trabalho que o presidente Lula tem feito, Brasília não está sintonizada com o avanço nacional, o desemprego no Brasil é de 6%, aqui no DF já chega a 12%. Portanto, há um número grande de pessoas que estão desempregadas. Precisamos de um programa que aponte para a geração de emprego, para moradia popular que é fundamental para população. Temos a questão do transporte, e para um dos problemas mais graves que a gente tem aqui, que é de saúde pública”, diz o distrital.

O deputado falou ainda sobre os rumos da esquerda na capital federal e destacou que sua posição é por uma frente ampla de esquerda, que esteja baseada no diálogo e em propostas construídas juntas com outros partidos, mas ressaltou que ainda é cedo para falar em eleições. “Eu defendo que a gente participe de uma frente de centro-esquerda no distrito federal eu não defende que o PT saia sozinho. Vamos disputar as eleições como sempre nós fizemos, mas acho que tem muita gente que está entrando na chuva muito cedo e certamente vai se molhar, lá na frente vai se queimar e vai virar cinza”, ressalta Chico Vigilante.

Conjuntura

O distrital iniciou sua fala comentando a respeito dos resultados das eleições nos Estados Unidos. Para Chico, a vitória de Donald Trump servirá para mostrar que a política proposta pelo presidente norte-americano não terá efeitos práticos positivos. “Trump já foi presidente uma vez, ele arruinou a economia dos Estados Unidos, impôs taxas que mexeram com o mundo todo e ele agora volta com mais força porque ele volta com maioria na Câmara dos Estados Unidos e com maioria no Senado, então, ele tem dois anos para provar de que as teorias dele dão certo”, avalia.

Mas o distrital antecipa que a política de Trump está fadada ao fracasso. Primeiro, porque ele não pode desafazer assim tão rápido dos imigrantes, já que essa parcela da população, além de pagar impostos, é responsável por executar diversos serviços no país. E segundo, porque ele vai taxar produtos importados, como os vindos da China, que, segundo o presidente eleito, serão taxados em até 40%.

“Um monte de coisas malucas que não se aplicam à economia globalizada. Certamente ele terá muita dificuldade para governar”, afirma Vigilante.

PT

Vigilante fez questão de ressaltar que é um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e que as críticas que estão sendo feitas ao partido, em razão de seu desempenho nas eleições municipais, não condiz com a realidade. Segundo o distrital, o PT é um partido construído na luta, na militância sindical e na defesa dos direitos dos trabalhadores, por isso, para ter opinião dentro do partido, antes, precisa ter um histórico, tem que ter “trabalho”.

“Não adianta achar que se amanhã eu desistir de ser candidato nas eleições de 2026, os 44 mil votos que eu tive automaticamente vão para um petista novo. Isso é conversa para boi dormir, isso não existe. Você tem que ter trabalho, ou você mostra trabalho, vai nas bases, conversa com as pessoas sinceras, esteja efetivamente na sociedade, ou não tem jeito. Essa história que ficam falando que o PT perdeu as eleições, que precisa de renovação, é coisa dos diretórios”, afirma.

O parlamentar explica que as eleições municipais são muito diferentes das eleições nacionais. Na primeira, o voto se dá por afinidade ao candidato, já na segunda, a votação ocorre com base em propostas que de fato visem a melhoria da qualidade de vida da população.

“No interior do Brasil não vota por ideologia, se votasse por ideologia, o Lula através do PT teria feito a maioria das prefeituras no Brasil, com exceção dos grandes centros aonde existe um debate ideológico. No interior do Brasil não tem isso. [No âmbito nacional] as pessoas querem saber é do dia a dia, quem é que vai possibilitar ter melhores escolas, melhor segurança, geração de emprego, mais habitação é isso que as pessoas estão preocupadas”, explica.

Mandato

A longa experiência do distrital Chico Vigilante na CLDF dá a ele a possibilidade de fazer um mandato em sintonia com as demandas mais importantes da sociedade. Por isso, ao falar de seu mandato, o distrital ressalta que continua fazendo o que sempre fez: “que é visitar as comunidades, conversar com as pessoas e levar às autoridades os anseios que as pessoas estão tendo, cobrar do governo do Distrito Federal, é isso que eu tenho feito e vou continuar fazendo.”

Sobre os próximos passos para os dois anos que restam para findar essa legislatura, Vigilante diz que seu futuro político ainda é incerto. “Vou reunir as pessoas que sempre me apoiaram politicamente e vamos fazer uma assembleia e as pessoas vão decidir se eu devo ser candidato ou não, mas eu não quero chegar e impor a minha vontade, dizer eu tenho que ser candidato a isso ou aquilo, eu quero que as pessoas conversem juntamente comigo e nós vamos decidir coletivamente”, afirma.

Lula

Por fim, o deputado distrital ainda comentou sobre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e destacou que a afirmação de que a direita no Brasil saiu fortalecida com os resultados das eleições municipais deste ano não é verdade. Segundo Vigilante, essa sua constatação de que a direita não está forte será comprovada nas eleições de 2026, que deverá dar vitória outra vez a um candidato da esquerda, como ocorreu em 2022 quando Lula disputou com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem o distrital chama de “Capitão Capiroto”.

“Foi a maior compra de voto oficial que aconteceu nesse país e o Lula derrotou ele, tanto que o lula está na Presidência mais uma vez. Veja o tanto de programas que o Lula tem implementado, e a direita está fragmentada, tanto é que o Caiado [Ronaldo, governador de Goiás] bate no Capiroto e Capiroto bate no Caiado; o Zema não tem futuro estão se engando, o Zema não tem futuro, e o Tarcísio [de Freitas, governador de São Paulo] vai disputar à reeleição em São Paulo. Portanto, a direita está fragilizada, a direita está fragmentada e o Lula com a frente de centro-esquerda vai ganhar novamente as eleições no Brasil”, avalia o distrital.

Confirma abaixo a entrevista na íntegra com o deputado Chico Vigilante.

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