Debate em SP é marcado por ofensas pessoais e Nunes como alvo central
O primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, realizado pela TV Bandeirantes na noite desta quinta-feira (8/8), foi marcado por poucas propostas para a cidade e uma série de trocas de acusações e ofensas pessoais, com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) como o principal alvo.
O debate reuniu os cinco primeiros colocados nas pesquisas eleitorais: Nunes, Guilherme Boulos (PSol), José Luiz Datena (PSDB), Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB). Segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta, Nunes e Boulos estão tecnicamente empatados na liderança, com 23% e 22% das intenções de voto, respectivamente. Em seguida, aparecem Datena e Marçal, com 14% cada, e Tabata, com 7%.
Em todos os três blocos, os candidatos partiram para os ataques diretos. Nunes foi o principal alvo e ouviu dos outros candidatos acusações sobre a máfia das creches, na qual é investigado pela Polícia Federal (PF), e a investigação sobre empresas de ônibus ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC), além de criticas à falta de segurança no centro da cidade e a problemas no atendimento da rede municipal de saúde.
Nunes se defendeu chamando Marçal, mais de uma vez, de “nervosinho”, e disse que Boulos “depredou a Fiesp” e “institucionalizou a rachadinha”, ao dar um parecer livrando o deputado federal André Janones (Avante-MG) de um processo de cassação de mandato na Câmara dos Deputados. Boulos reagiu dizendo que a máfia das creches era a “rachadinha do Nunes”.
O prefeito também foi o alvo preferencial de Datena: “O Ricardo arrasou a cidade”, disse. Sempre que mencionava o adversário, Nunes fazia questão de chamá-lo de “apresentador José Luiz Datena”, como estratégia para mostrar que o jornalista não tem postura de gestor. O prefeito afirmou mais de uma vez que Datena foi “condenado por imputar crimes a pessoas inocentes”, colocando-se como uma das vítimas do tucano.
Datena fez sua estreia como candidato na mesma emissora onde, até o fim de junho, era apresentador e mostrou pouco preparo para questionar os outros candidatos, gaguejou diversas vezes, apresentou dificuldades para completar o raciocínio e tentou se colocar como terceira via para furar a polarização, chamando Boulos e Nunes de fantoches de Lula e Bolsonaro, que os apoiam, respectivamente.
Tabata foi a única a quem nenhum adversário fez perguntas, mas quem mais investiu o tempo em propostas. Ainda assim, não poupou ataques. Ela questionou Nunes sobre o boletim de ocorrência por violência doméstica registrado pela mulher dele, em 2011.
O prefeito respondeu que nunca levantou um dedo contra sua esposa, Regina, que acompanhava o debate na plateia. A reportagem viu Regina manifestar indignação com a pergunta da deputada. “É mulher atacando mulher”, gritou a primeira-dama.
Ataques de Marçal
Marçal foi quem mais atacou os adversários ao longo do debate. Depois de se dizer o “candidato das mulheres” por ser casado com sua namorada de adolescência, ele desferiu diversas críticas a Tabata, única candidata mulher no debate, após ela questioná-lo sobre a Operação Água Branca, um projeto urbanístico na zona oeste da capital que ele pensou que fosse uma operação policial, e depois sobre a condenação do influencer por furto qualificado, que ele negou.
Ao entender a “pegadinha”, Marçal chamou Tabata de “adolescente que precisa amadurecer”, “sabichona” e “jornalistinha militante”. Na sequência, escalou as críticas a todos os outros candidatos, em especial a Nunes e Boulos.
Marçal chamou Boulos de “comedor de açúcar” e, mais de uma vez, insinuou que o psolista fizesse uso de drogas dizendo que ele “conhecia bem as biqueiras”. O candidato do PRTB também repetiu um gestual de inspirar fundo, com o dedo apertando uma narina, para atrelar ao psolista a imagem de um cheirador. Após o debate, em entrevista a jornalistas, ele chamou Boulos de “cheirador de cocaína”.
Mesmo depois de dizer ser o único candidato com uma vice negra, Marçal também foi o único que deixou sua vice, Antônia de Jesus (PRTB), fora do estúdio. Ela assistiu ao debate em um lounge na área externa junto da maior parte dos convidados, já que a entrada no estúdio foi limitada por causa do tamanho do local e os candidatos tiveram de priorizar quem levar para compor a plateia interna.
Durante o ataque generalizado de Marçal, que encerrou o primeiro bloco, os marqueteiros Lula Guimarães e Felipe Soutello, que cuidam das campanhas de Boulos e Datena, se entreolharam. No intervalo, os dois conversaram, indignados, sobre a conduta do influenciador.
Com informações do portal Metrópoles
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