Comunidade e polícia se unem contra o crime no Distrito Federal
Redes de proteção criadas por moradores e as forças de segurança contribuem para diminuir a quantidade de delitos no DF. Segurança Pública afirma que trabalha para ampliar a participação dos diversos setores da sociedade no debate e nas decisões
Não são apenas as forças de segurança que atuam para evitar a ocorrência de crimes no Distrito Federal. Rondas, circuitos de TV compartilhados e grupos em redes sociais estão entre as principais formas que a população encontrou para se proteger e ajudar, principalmente a Polícia Militar (PMDF), no registro de ocorrências. As iniciativas são oportunas. Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) mostram que, em Brasília e Samambaia, por exemplo, crimes como furto em veículo e furto a transeunte aumentaram, comparando os seis primeiros meses de 2023 e 2024 (confira o quadro).
O secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, destaca que a essência da principal política desse setor no governo, o DF Mais Seguro — Segurança Integral, é ampliar a participação dos diversos atores da sociedade nos debates e nas decisões. “Nosso objetivo é promover a redução sustentável da criminalidade e de outros fatores sociais que impactam na segurança e na qualidade de vida da população”, aponta. “Para isso, reformulamos os Conselhos Comunitários de Segurança (Consegs), com o objetivo de ouvir diretamente as demandas da população para que, cada vez mais, estejamos próximos da realidade de cada região”, acrescenta.
Porta-voz da PMDF, o major Raphael Broocke afirma que a corporação tem, por eixo, o policiamento comunitário, que é uma forma de aproximação com a comunidade. “Temos programas como a Rede de Vizinhos Protegidos e a Rede de Comércios”, explica.
“Todos eles fazem com que a Polícia Militar se aproxime mais da população e haja mais um canal de comunicação, além do 190, com os moradores das regiões administrativas”, salienta o major. Broocke completa que, em alguns batalhões, a PMDF também conta com programas nos quais os militares chegam a visitar a comunidade e realizar reuniões com os integrantes de conselhos, para alinhamento de estratégias de atuação.
Colaboração
Um dos casos de integração é na Asa Sul, onde a presidente do Conselho Comunitário da região, Patrícia dos Santos, elogia a parceria. “As quadras que têm uma prefeitura constituída, além daquelas que fazem parte da Rede de Vizinhos Protegidos, estão em um grupo fechado nas redes sociais, junto a integrantes da polícia”, detalha. “Nele, síndicos, prefeitos e agentes de portaria compartilham imagens e informações. Em caso de atitudes suspeitas, elas são compartilhadas com a polícia, para que possam trabalhar em cima. A resposta tem sido rápida”, afirma Patrícia.
Patrícia dos Santos: “Segurança pública não é responsabilidade só do Estado”(foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
De acordo com a presidente, os moradores da Asa Sul ainda dispõem de um botão do pânico. “Cada bloco tem um número cadastrado e, em caso de problemas, o botão é acionado e o batalhão vê a localização exata do pedido de socorro. É muito prático e rápido”, avalia.
Patrícia enxerga de forma positiva essa união entre comunidade e forças de segurança. “Ela aproxima, até mesmo para que os moradores possam conhecer o trabalho dos policiais e para que possam colaborar com ele”, observa. “Até porque a segurança pública não é responsabilidade só do Estado. Todos temos que trabalhar, juntos, para melhorar a sensação de segurança da população”, alerta a moradora da Asa Sul.
Do outro lado do Plano Piloto, a presidente do Conselho Comunitário da Asa Norte, Cléa Torres, destaca que, desde 2019, as quadras residenciais e comerciais da região têm trabalhado em parceria com a PMDF, em uma rede que funciona por meio de grupos. “As quadras que têm implantado esse sistema têm minimizado o número de sinistros, delitos, usuários de drogas e até de pessoas em situação de rua que estão fazendo uso de drogas ilícitas, quando observado pelos moradores”, ressalta.
Segundo Cléa, o batalhão da PMDF que atua na região também se reúne com a comunidade. “Os militares orientam os moradores quanto às medidas preventivas que devem ser tomadas para diminuir a criminalidade. Algumas são: melhorar a iluminação pública e de lojas comerciais; fazer uso dos pontos comunitários, para evitar a incidência de delitos; e utilizar apito para alertar a comunidade e o suspeito que, ao ouvir o som, se afasta, muitas vezes, do local”, descreve.
A comunidade de Samambaia também dispõe de uma rede proteção. Presidente do Conselho de Segurança (Conseg) da região, Lúcia Murta diz que os moradores contam com vários grupos, que são utilizados para prevenção. “Sempre tem um militar que está atento ao grupo, para qualquer tipo de denúncia. Funciona muito bem, às vezes mais rápido até que o 190”, destaca. “Sentimos que a quantidade de crimes diminuiu desde que implementamos os grupos de redes sociais”, observa.
Para Lúcia, é importante que a comunidade se organize e faça a diferença. “Ter a confiança por parte da população é muito relevante, pois, desta forma, os moradores passam a se sentir mais à vontade para trazer as denúncias do que acontece na região, desde um furto até um crime de violência doméstica”, enfatiza.
Efetivo maior
Especialista em segurança pública e professor do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), Júlio Hott classifica como “fundamental” a existência de uma polícia comunitária. “De preferência atuando a pé, tendo contato direto com a população. Isso aumenta, sensivelmente, a sensação de segurança, além de ajudar a diminuir os índices criminais, justamente por causa dessa aproximação”, assinala.
Para o especialista, as estratégias utilizadas atualmente, no DF, têm melhorado, principalmente no centro de Brasília. “Só que ainda é deficiente e há margem para avanços. Uma das medidas a serem tomadas pode ser a recuperação de espaços, para que a população ocupe, inibindo a circulação de pessoas suspeitas nas ruas”, aconselha Hott.
A presidente do conselho da Asa Sul também acredita que há espaço para avançar. “Temos a melhor polícia do Brasil, muito bem treinada, mas que precisa de recursos humanos para poder trabalhar e não sofrer com sobrecarga. Com o aumento do efetivo, mais áreas poderão ser cobertas, como aquelas que não contam com uma prefeitura”, avalia Patrícia dos Santos.
No caso de Samambaia, Lúcia Murta analisa que, por causa do crescimento da região administrativa, “é necessária a criação de um novo batalhão, para que as ocorrências sejam atendidas de forma mais efetiva e rápida, em todos os cantos de Samambaia, além de um efetivo maior e ter mais viaturas rodando pelas ruas”.
Sobre a falta de efetivo, o porta-voz da PMDF afirma que a corporação iniciou a convocação de 1,2 mil candidatos do curso de formação de praças. “Em breve, eles estarão nas ruas reforçando ainda mais o policiamento, para melhor servir a população”, informa. “A ideia é que, em 2025, a mesma quantidade de candidatos seja convocada para formação”, acrescenta o major Broocke.
Brasília (Asa Norte/Noroeste, Asa Sul, região central)*
Roubo em residência
2023 – 0
2024 – 2
Furto em veículo
2023 – 1.139
2024 – 1.287
Furto a transeunte
2023 – 313
2024 – 282
Samambaia*
Roubo em residência
2023 – 17
2024 – 8
Furto em veículo
2023 – 157
2024 – 164
Furto a transeunte
2023 – 56
2024 – 65
*janeiro a junho
Fonte: SSP-DF
Com informações do Correio Braziliense
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