Preço da gasolina sobe 60% em um ano, e motoristas do DF buscam alternativas
O litro do combustível, no DF, está a R$ 7,19. No entanto, há postos praticando valores que chegam a R$ 7,59. Em 2020, custava R$ 4,49. Desde 2013, o aumento foi de mais de 140%. Especialistas alertam que o cenário não deve mudar.
Em novembro deste ano, o preço médio da gasolina no Distrito Federal chegou a R$ 7,19 e configurou um aumento de 60,1% em relação ao mesmo mês de 2020. Esse valor é o maior desde 2013. De lá para cá, o aumento foi de 141,27%. Neste cenário, os brasilienses fazem de tudo para economizar. Buscam novas formas de locomoção, realizam pesquisas de preços e até abastecem em outros estados. De acordo com especialistas, é interessante apostar em veículos elétricos ou no transporte público, uma vez que não há previsão de queda nos preços, apesar das últimas ações do governo local para tentar amenizar o impacto no bolso dos consumidores.
Juliana Coelho, 55 anos, é professora aposentada e explica que realiza uma pesquisa antes de abastecer o carro. Moradora de Águas Claras, ela foi, nessa terça-feira (9/11), a um posto do Cruzeiro, em que a gasolina estava a R$ 7,59, o litro. “Eu só coloquei R$ 50 aqui, porque vou deixar para encher em um posto mais em conta. É muito caro, mas a gente tem que abastecer, não tem para onde correr. O jeito é a gente sair procurando promoção”, diz. O preço da gasolina fez com que ela repensasse o veículo que usa. “Tenho um carro flex, estou com vontade de vender e comprar um a diesel”, comenta.
De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no DF, o preço praticado varia entre os postos e pode chegar até a R$ 7,49. No cálculo entram quatro componentes. O professor de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Piscitelli explica que, apesar dos detalhes do cálculo, o maior peso é do custo internacional do barril de petróleo e do valor do dólar comercial — que está em R$ 5,50. “Isso obriga, de certa forma, a Petrobras a operar em preços mais elevados para nivelar com as revendedoras”, explica o economista.
Roberto Piscitelli reforça que a estatal não é a principal responsável pela crescente dos combustíveis. “Não se pode demonizar a empresa. Ela é executora das políticas do governo federal, que tem que priorizar uma mudança na política de preços”, detalha o professor. Ele afirma que a venda das refinarias também foi determinante para o aumento dos valores. “Não tem sentido desativar refinarias e comprar, no exterior, o produto final de uma matéria-prima produzida aqui. Sai mais caro, e todo o processo de valorização e transformação fica lá fora. Compramos pelo dobro do preço de produção”, argumenta.
Transporte público
O preço dos combustíveis fez com que o servidor público Edgar Martins, 63, adotasse o metrô como meio de transporte. Ele precisa sair, diariamente, de Samambaia, onde mora, para trabalhar no Plano Piloto. “A diferença é imensa. Com o preço da gasolina como está, prefiro andar de ônibus ou metrô do que andar de carro”, pondera. Ele observa que os colegas de trabalho também têm evitado usar os próprios veículos. “A maioria faz o mesmo e deixa o carro na garagem”, completa.
Alisson Fernando Nascimento, 26, funcionário de uma empresa de turismo e morador de Planaltina, reclama dos preços dos combustíveis no DF e revela que chega a ir para outras unidades da federação abastecer. “Em janeiro, a gente abastecia os ônibus (da empresa) com R$ 5 mil. Hoje, está em R$ 8,7 mil no diesel. Isso, porque nós conseguimos abastecer em outros estados, onde o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) é mais baixo, com preços mais em conta”, afirma. Ele relata que, com a moto que usa normalmente para se locomover pela cidade, o valor é menor, no entanto muito mais caro do que no ano passado. “Antes, conseguia rodar a semana toda com R$ 50. Fui encher o tanque da moto, esses dias, e deu mais de R$ 80”, descreve Alisson.
Sobre o ICMS, a Secretaria de Economia do DF afirma que as alíquotas da capital são de 28% para gasolina e etanol; e de 15% para o diesel desde 2016. O tributo é calculado com base no preço médio ponderado ao consumidor final (PMPF) dos combustíveis no DF, média publicada no Diário Oficial da União (DOU) a cada 15 dias. O Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), em 29 de outubro, alterou o Convênio ICMS, que dispõe sobre o regime de substituição tributária relativo ao imposto e congelou os preços. Assim, excepcionalmente, no período de 1º de novembro de 2021 a 31 de janeiro de 2022, a base de cálculo para o imposto será o publicado em 1º de novembro. Para o DF, o valor será calculado com base no preço de R$ 6,68.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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