Mulheres indígenas unidas pelos biomas e contra as agressões
Em Brasília, 3ª Marcha discute desde a preservação ao maior protagonismo feminino nas questões relacionadas às nações nativas. Abertura do evento coincidiu com o Dia Nacional do Cerrado
Célia Xakriabá (ao microfone) e Puyr Tembé: preservação dos biomas representa a defesa das nações nativas e, principalmente, de suas representantes – (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Representantes de diversas nações nativas estão em Brasília para a 3ª Marcha das Mulheres Indígenas, na qual discutirão, entre outros temas, a violência contra elas e a maior participação dos povos originários nos espaços de poder. A abertura do evento — que se estende até amanhã — coincidiu com a celebração do Dia Nacional do Cerrado. As porta-vozes alertaram para o risco que corre o bioma, em função do avanço da depredação promovida, sobretudo, pelo agronegócio.
Ao lado da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e da presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, a deputada Célia Xakriabá (PSol-MG) alertou que o desmatamento do Cerrado ameaça a segurança hídrica de todo o país. Segundo o WWF Brasil, o bioma — que abriga 80 etnias originárias — perdeu mais de 50% da cobertura vegetal nativa. Ela também cobrou a participação das mulheres indígenas na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), que será realizada de 30 de novembro a 12 de dezembro.
Para a parlamentar, a preservação dos biomas está diretamente ligada à defesa dos povos nativos, sobretudo às mulheres. Por isso é que Célia celebrou a inauguração da primeira Casa da Mulher Indígena em Dourados (MS), estado marcado pela perseguição contra os povos guarani e kaiowá. “A ministra Cida (Gonçalves, do Ministério das Mulheres) inaugurou a primeira casa em Dourados, uma região de muita violência”, lembrou.
Convocação
Puyr Tembé, ativista indígena e cofundadora da Articulação Nacional de Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), cobrou o combate contra a brutalidade às nativas. “Chamamos todas as mulheres indígenas, os homens, parceiros, amigos, a nos ajudarem a dizer ‘não’. A dizer basta de violência contra nossos corpos, contra nossa existência”, cobrou.
Também cofundadora da Anmiga, Lucimara Patté reforçou que a luta das mulheres indígenas não protege apenas o clima, a floresta e as riquezas naturais. Garante, conforme enfatizou, o formato de vida dos povos nativos.
“Quando lutamos pela Mata Atlântica, Pampa, Cerrado, Pantanal e Amazônia, lutamos pela vida dos povos indígenas que vivem e dependem desses biomas para manterem suas culturas e tradições”, observou.
O tema da 3ª Marcha é “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade pelas Raízes Ancestrais” e o encontro é organizado pela Anmiga. No evento também foi lançada a cartilha sobre os direitos básicos de enfrentamento à violência de gênero e à agressão aos territórios dos povos originários. O documento foi desenvolvido conjuntamente pela Anmiga e pela Indigenous Peoples Rights International Brasil (Ipri) — que atua pelos direitos dos indígenas.
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