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Moradores de Ceilândia acertam contrapartidas com o GDF para que unidade de acolhimento seja instalada na região

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A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) realizou no último dia (13) audiência pública para discutir sobre a construção de uma unidade de acolhimento na QNR 1 em Ceilândia. A construção, que é de autoria do Governo do Distrito Federal (GDF), já consumiu R$ 5,8 milhões, e está pronta para entrar em atividade. Porém, os moradores da QNR 1 são contra a instalação da unidade no local, uma vez que eles afirmam que o acolhimento de pessoas em situação de vulnerabilidade social podem aumentar o índice de violência na região.

Presidida pelo deputado distrital Rafael Prudente (PMDB), a audiência foi marcada pelas queixas dos moradores que ressaltaram que o local é impróprio para tal atividade, uma vez que a região é carente de serviços públicos, como saúde, educação, segurança e transporte. A audiência também foi acompanhada por autoridades do governo, como o secretário de Estado de Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Gutemberg Gomes, e a secretária Adjunta de Desenvolvimento Social, Marlene Azevedo. Também contou com a participação da deputada distrital Luzia de Paula (PSB).

Albergue

Tudo começou no governo de Agnelo Queiroz, no ano de 2012, quando a construção da unidade de acolhimento foi iniciada. Ao todo, são sete pavilhões, que juntos somam 4 mil m². Interrompido por falta de recursos, o projeto foi abandonado, sendo retomado somente agora no governo de Rodrigo Rollemberg.

Destinando às pessoas de baixa renda e que estejam em situação de vulnerabilidade social, como moradores de rua, a unidade de acolhimento tem capacidade para abrigar 150 pessoas.

Idealizada em moldes diferentes do já conhecido albergues, a unidade de acolhimento visa ser um local de passagem, ou seja, os usuários só podem ficar no local pelo prazo de 90 dias. A unidade será gerenciada por um instituto social – o Instituto Inclusão – que adquiriu o direito da gerir o local após passar por um processo de chamamento público ocorrido em junho do ano passado.

“O local se destina a acolher pessoas que vieram para Brasília em busca de tratamento de saúde ou de melhores condições de vida. É exclusiva para a população migrante”, explica Marlene Azevedo. De acordo com ela, por dia, no DF, cerca de 30 pessoas pedem abrigo ao poder público.

Os atendidos pela unidade, segundo o governo, serão mulheres com filhos, idosos e pessoas com algum tipo de deficiência.

O descumprimento da construção e da manutenção da unidade, segundo o secretário de Estado de Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Gutemberg Gomes, poderia resultar em processo administrativo. “Ou atuo ou vou responder por isso”, disse o secretário ao fazer uso da palavra.

Os moradores

Os moradores da região não querem saber disto. Para eles, a região não possui infraestrutura adequada para receber o que eles chamaram de “albergue”. Segundo uma moradora e presidente da associação de moradores da QNQ e QNR, Heleninha, nenhum “albergue será assentado na região”. “Nós precisamos é de cidadania, e da nossa comunidade somos nós que cuidamos”, afirmou em tom agressivo durante o uso da palavra na Tribuna.

O receio dos moradores é de que com a instalação da unidade de acolhimento, novos problemas sociais, como prostituição, violência e uso de drogas, apareçam como consequência.

Outros moradores levantaram a questão de que no local faltam diversos tipos de serviços sociais, como escolas, creches, postos policiais e hospitais. “Nós não necessitamos desse equipamento público. Transforme o albergue em uma escola de ensino médio ou numa creche”, sugeriu o morador Antonio Neto.

Outros moradores chegaram a perguntar para os representantes do GDF, por qual motivo a unidade de acolhimento não era construída nas áreas nobres de Brasília. Os representantes disseram que já existem unidades de acolhimento na Asa Norte e no Park Way.

Conciliação

Por fim, a audiência foi encerrada com a seguinte conclusão: a) A unidade de acolhimento terá que reduzir o número de atendimento, não sendo mais 150 pessoas abrigadas, mas, sim, 50 ou 70; b) a unidade, que é composta por sete pavilhões, terá que destinar alguns dos pavilhões para educação de adultos e de crianças; c) será feito um plano de trabalho junto com a comunidade; d) a unidade deverá ser transformada em um centro de múltiplas funções; e) a praça que fica em frente à unidade, a chamada Praça do Céu, deverá ser revitalizada com oferta de serviços públicos.

 

 

 

 

 

 

Jornalista

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