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EJA: em quatro anos, mais de 12 mil alunos do DF deixaram os estudos 

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Em 2020, eram 38.212 alunos na EJA, enquanto em 2023 são 26.199, segundo dados da Secretaria de Educação

Foto colorida com sala de aula cheia com pessoas maiores de 18 anos e professora escrevendo em lousa

Nos últimos quatro anos, diminuiu o número de estudantes matriculados na Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Distrito Federal. Em 2020, eram 38.212 alunos, enquanto em 2023 são 26.199, segundo dados da Secretaria de Educação. Os números apontam que 12.013 pessoas saíram da EJA nesse período.

A situação da EJA chamou atenção de parlamentares distritais. O estudo nº 1.030, de 2023, feito pela equipe técnica da Câmara Legislativa do DF (CLDF) apontou que decréscimos como esse mostram característica de evasão escolar.

“Ocorre quando o estudante regularmente matriculado no início do semestre letivo não se matricula no período seguinte, independentemente da situação de conclusão do semestre de matrícula (aprovado, reprovado ou abandonado)”, conforme consta no estudo.

Pelo levantamento da CLDF, o número é ainda maior, que indica os dados de 2019, quando havia 45.259 matriculados. “O grave aumento da evasão escolar no DF a partir de 2020 é consequência da pandemia da Covid-19”, destaca o relatório.

Os dados são ainda mais preocupantes em relação à quantidade de pessoas com baixa escolaridade na capital do país. Segundo a último Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD), divulgada em 2022, há 129.352 pessoas maiores de 5 anos que não sabem ler no DF. O DF ainda contabiliza 78.906 cidadãos sem escolaridade. Veja as tabelas neste link.

Outras responsabilidades

“Ocuparam o tempo todo com bicos e trabalhos com uma carga horária exaustiva para manter a sobrevivência. Alguns com a Covid ainda ficaram adoecidos e com sequelas, dificultando ainda mais”, explica a professora Ana Leonel, que há 23 anos ministra aula na EJA.

Ela acrescenta ser importante tomar cuidado com expressões como “abandono”, porque é um termo que culpa o indivíduo e ignora as condições dele, como responsabilidades com familiares, local de moradia e do trabalho, transporte público e até mesmo o tempo para o estudo.

Professor desde 1987 e há nove anos da EJA, Cláudio Rodrigues destaca a diferença no perfil dos estudantes na modalidade. “É um pessoal que trabalha e estuda e, nos primeiros sinais de perda de emprego, a pessoa vai deixar de estudar”, explica.

“É também aquele jovem que trabalhou a vida inteira e não conseguiu ir para aula; é a menina que foi cuidar de um filho e não pode concluir. É um sujeito que ficou à margem da sociedade e da escolarização. Não por escolha dele, mas porque foi levado a isso”, reforça o professor.

Foto colorida de criança com blusa azul e mulher branca com roupa rosa fazendo selfie e sorrindo
Linduína Castro, 53, voltou a estudar após se aposentar

Para tentar diminuir, Cláudio adiciona o contato dos alunos e quando faltam manda mensagem perguntando se estão bem. “A perda de estudantes é tão grande que a gente tem de fazer de tudo para tentar manter e desenvolver um vínculo, saber que o professor se preocupa, que entende as faltas”.

O educador conta que já foi, inclusive, bloqueado por alguns estudantes. “Tem quem fique com vergonha, manda recado pelos colegas, mas tem vergonha, e muitas vezes não sabe qual desculpa vai dar”, completa.

Aposentada, Linduína Castro, 53 anos, conseguiu finalmente voltar a estudar. Ela trabalhava em supermercado e não tinha tempo para frequentar as aulas. Hoje, resolveu retornar para servir de exemplo ao neto. “Meu neto é autista e queria que ele me visse estudando também”, coment

Ela conta que o horário não batia e dificultava a rotina escolar. “Eu troco as letras, fico com vergonha de escrever às vezes. Gostaria de mandar mais mensagens por escrito, mas tenho vergonha. Tem pessoas que dizem que não entendem o que eu quis dizer”, detalha.

Não só na prática de se comunicar diariamente, Linduína sentiu o preconceito. “Só fui ter tempo para voltar a estudar agora, mas tem gente que comenta: ‘depois de velha vai estudar’”. A aposentada sonha em concluir os estudos e um dia se formar como advogada.

CLDF

O relatório da CLDF foi feito após requerimento do deputado Max Maciel (PSol). O parlamentar solicitou o estudo também com o objetivo de analisar os recursos investidos na EJA.

“Todos esses problemas dificultam o acesso de muita gente a uma segunda chance de completar os estudos. É por meio da educação que os nossos conseguem acessar empregos melhores e, assim, melhores condições de vida”, reforça.

De acordo com a Secretaria de Educação, atualmente há oferta de EJA em 95 escolas e em 14 Coordenações Regionais de Ensino. A pasta ainda acrescentou que os dados totais de alunos matriculados em 2023 só podem ser consolidados ao final do período letivo, quando serão contabilizados em sua integralidade.

Neste link, é possível ver quais escolas e o endereço de cada unidade.

Sobre EJA

A educação de jovens e adultos é uma das modalidades de ensino destinadas aos que não tiveram acesso ao ensino fundamental ou médio na idade própria ou que não puderam permanecer nessas etapas.

No sistema de ensino do DF, a EJA organiza-se em três segmentos, sendo o primeiro correspondente aos anos iniciais do ensino fundamental, com carga horária mínima de 1,6 mil horas. O segundo segmento correspondente aos anos finais do ensino fundamental, com carga horária mínima de 1,6 mil horas.

Por fim, o terceiro corresponde ao ensino médio, com carga horária mínima de 1,2 mil horas. A idade mínima para ingresso no 1º e no 2º segmentos é de 15 anos, e, para ingresso no 3º segmento, 18 anos.

Com informações do Metrópoles

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Jornalista

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