“De olho no olhinho”: a luta das famílias contra o retinoblastoma
A campanha “De olho nos olhinhos” reuniu profissionais da área médica para alertar pais e cuidadores de crianças sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer nos olhos. O evento ocorreu neste sábado (16/9), no Conjunto Nacional
Campanha foi realizada simultaneamente em nove capitais – (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Após receberem o diagnóstico de retinoblastoma da pequena Lua, aos 11 meses de idade, o apresentador Tiago Leifert e a esposa Daiana Garbin criaram a Campanha de Conscientização “De olho nos olhinhos”. O casal, que nunca tinha ouvido falar sobre aa doença, descobriu o tumor em estágio avançado nos dois olhos da filha. A ação, que busca conscientizar os pais e responsáveis para que as crianças sejam diagnosticadas o mais rápido possível e tenham todas as chances de cura, ocorreu neste sábado (16/9), em nove capitais do país, incluindo Brasília.
Na capital federal, o Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) e a Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace) conduziram o evento, no Conjunto Nacional. Na ocasião, que contou com profissionais de saúde, foram distribuídas cartilhas explicando sobre os sintomas e o diagnóstico. Também foram desenvolvidas atividades lúdicas com as crianças para que essa ação alcance o maior número de pessoas.
Diretora técnica do HCB e pediatra hemato-oncologista, Isis Magalhães explica que o retinoblastoma é um tumor maligno intraocular que acomete crianças pequenas, normalmente com menos do que cinco anos. “É um tumor embrionário, que começa a se desenvolver dentro do globo ocular e, quando a gente consegue diagnosticar antes, você consegue um bom prognóstico, talvez uma cura de 80 a 90%”, destaca a médica.
No entanto, a pediatra hemato-oncologista ressalta que, caso o diagnóstico demore, o tumor pode atingir o nervo óptico ou as estruturas extra-globo oculares. “Então, o prognóstico é sombrio. Daí a importância de fazer esse momento de conscientização e de alerta para o diagnóstico precoce”, enfatiza. Segundo ela, é uma doença rara, mas isso reforça a necessidade de chamar a atenção da população. “A gente recebe 200 casos novos de criança com câncer por ano, vindo a maioria do DF. No último ano, foram apenas oito. Se você pensar, é uma coisa mais rara, mas, por isso mesmo, é que a gente tem que fazer campanha, qualquer coisa rara não é lembrada”, destaca a diretora técnica.
Ainda de acordo com a especialista, os tratamentos evoluíram e as técnicas melhoraram no decorrer dos anos. Com isso, o prognóstico melhorou muito. Isis Magalhães comenta que a atenção aos sinais da doença deve ser um cuidado também dos médicos da família nas unidades básicas de saúde e dos pediatras. “O alerta não é só para os pais, mas também para os profissionais de saúde como um todo. Eles estão na linha de frente”, assinala.
Segundo as entidades de saúde do país, o tumor se desenvolve na retina e em aproximadamente 90% dos casos é descoberto em crianças menores de cinco anos. O famoso “olho de gato” é um dos principais sintomas do retinoblastoma. Os sinais que chamam a atenção são um reflexo branco no olho da criança, quase sempre visível em fotos com flash ou até no dia a dia.
Para a presidente da Abrace, Maria Angela Marini, a campanha traz à luz uma oportunidade de despertar os pais e a todos os cuidadores de crianças, caso eles percebam algum sintoma ou situação no desenvolvimento dessa criança que possa estar sendo diferente, no sentido de procurar ajuda médica. “Temos que estar sempre de olhos e de antenas ligadas, porque o desenvolvimento da criança é tão natural que, às vezes, um fato importante passa despercebido”, recomenda. “Com o diagnóstico precoce você pode salvar uma vida e evitar uma sequela”, conclui.
O Conjunto Nacional reservou um local próximo da praça JK para que o estande fosse montado e recebesse as pessoas para tirar dúvidas. O evento também teve a participação dos Doutores Com Riso, um grupo de palhaçaria formado por voluntários da Abrace, além do apoio de 30 médicos residentes.
Sinais de alerta
Oftalmologista pediatra no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), Manuella Neves explica que um dos principais sinais de alerta que os pais devem ter é, ao tirar uma foto da criança, notar se o olho apresenta um reflexo branco no centro da pupila. “O normal é vir vermelho, mas quando você vê o sinal branco tem que procurar uma unidade de oftalmologia. O estrabismo também é um sinal que a gente se preocupa”, destaca a especialista.
Segundo a médica, a recomendação da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica é que as crianças sejam avaliadas entre seis meses e um ano por um especialista independente de ter ou não sintoma. “Na rede pública do DF, os pais ou cuidadores podem procurar qualquer unidade básica de saúde para a avaliação de um enfermeiro ou médico e pedir para regular uma consulta. A regulação é uma central de marcação que vai agendar o atendimento dessas crianças para um exame completo”, explica a Dra. Manuella.
A médica destaca que o tumor é comum em crianças abaixo de cinco anos, mas a faixa etária com mais casos é de um ano e meio a dois. “Tem causas hereditárias e não hereditárias. Existem causas genéticas, então quem tem histórico familiar de retinoblastoma tem uma chance maior de passar o tumor para os filhos. Muitas vezes os tumores se formam intraútero, por isso a importância da gente avaliar logo cedo essas crianças”, recomenda a oftalmologista pediátrica.
Cuidado
Mãe de Jade, 2 anos e de Miguel, 10 anos, Cristina Alcebiades, 39 anos, esteve no Conjunto Nacional para acompanhar a ação “De olho nos olhinhos”. “Eu não conhecia a doença. Foi uma grande novidade para mim quando teve a campanha do Tiago (Leifert), que foi quando a gente despertou para procurar o que era o retinoblastoma, por ser mãe de uma criança pequena, no caso a Jade, que não fez nenhum exame oftalmológico”, relembrou.
Mesmo a filha não tendo apresentado sintomas, Cristina a levou para fazer exames. “O que mais me chamou a atenção e o que eu mais achei interessante foi aquele teste do flash. Batemos várias fotos e quando vimos que o olhinho saiu vermelho, deu um alívio e tranquilizou, mas a gente sabia que ainda assim era importante fazer o exame”, disse a mãe.
Para ela, são poucos profissionais de oftalmologia pediátrica no DF, mas a ação é uma oportunidade para que os pais tenham acesso à informação. “A campanha está aí para ajudar e temos que espalhar para o Brasil. Fiz questão de vir, não só para apoiar, mas também para incentivar outras mães”, ressaltou.
Com informações do Correio Braziliense
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