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Obras demoradas causam transtornos a moradores de Vicente Pires

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Segundo a Secretaria de Obras, Vicente Pires está com 85% dos serviços concluídos. Entretanto, moradores reclamam da falta de cuidados, como ruas esburacadas e cobertas de lama, além da falta de calçadas.

Em meio ao cenário de obras em Vicente Pires, os moradores são diretamente impactados. O engenheiro eletricista Helton de Oliveira Cunha, 43 anos, é um deles. Para ele, há um sentimento de que as coisas estão melhorando, mas é óbvio o transtorno causado pelas prolongadas obras, que provocam transtornos para os moradores. Segundo Helton, até o governo deveria estar desconfortável e desgastado com a sujeira e as obras inacabadas e mal feitas. “Falta gerenciamento e planejamento, aqui não tem nada. O GDF deixou o caos acontecer durante todo esse tempo. São coisas simples, que vão se protelando e se arrastando durante muito tempo. Eu mexo com obra também, sei que isso não é um bicho de sete cabeças”, comentou o engenheiro.

Para Deyvison Roberto de Faria, 30, os problemas na cidade vão além dos projetos urbanos inacabados. Nascido e crescido na região, ele se mudou de volta para Vicente Pires depois de passar dois anos em Goiás. Apesar de reconhecer os avanços, Deyvison destacou que melhorias ainda são necessárias. “Minha vida toda eu morei aqui, é a cidade que eu amo de coração. Infelizmente, a demora dessas obras está prejudicando muita gente, é muito complicado”, lamentou. “Ônibus e carros não podem andar direito no asfalto, porque tem buraco. Estão fazendo mudanças aos poucos, mas são coisas que poderiam ser feitas mais rapidamente”, reclamou Roberto.

Atraso nas obras do asfalto em Vicente Pires, como na Rua 8, gera reclamação  dos moradores
Atraso nas obras do asfalto em Vicente Pires, como na Rua 8, gera reclamação dos moradores(foto: Fotos: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Outra moradora local é a recepcionista Ana Maria Crisostomo, 43. Ela afirmou que existe um descaso com a sociedade de Vicente Pires. “Pagamos impostos em dia e, mesmo assim, vemos a cidade esburacada, sem calçadas, cheia de lama e poeira”, disse. Para a recepcionista, o governador deve olhar mais para o habitante da região e fazer por onde para concluir as obras inacabadas o quanto antes. Entre as reclamações estão calçadas recém-concluídas que já apresentam rachaduras. O asfalto que também foi feito apresenta ondulações perigosas, além de tampas de bueiros nas vias quebradas por veículos pesados. Entre as perguntas mais comuns sobre a situação da cidade estão: “Quem fiscaliza essas obras ‘concluídas’?” “Será que cumpriram as especificações da licitação?”

Drenagem

Segundo a Secretaria de Obras e Infraestrutura do DF (SODF), Vicente Pires está com 85% das obras concluídas. “Nas ruas onde as obras estão em andamento, a rede de drenagem ainda não está em operação, uma vez que o sistema só entra em funcionamento com a conclusão total das obras”, disse, em nota, o órgão. Em relação às reclamações sobre a demora na conclusão das obras, a pasta ressaltou que os trabalhos estão dentro do cronograma estabelecido. “O prazo de entrega do atual contrato em vigor, iniciado em junho do ano passado, é dezembro de 2022”. Sobre os investimentos feitos na região administrativa, a secretaria afirmou que já foram investidos R$ 300 milhões em obras e a previsão é de que ainda sejam investidos mais de R$ 120 milhões.

Sem calçada:as pessoas têm que enfrentar o barro e a lama
Sem calçada:as pessoas têm que enfrentar o barro e a lama(foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

A secretaria também comentou sobre possíveis serviços malfeitos em Vicente Pires. Segundo o órgão, todos os serviços executados pelas empresas contratadas são alvo de fiscalização de engenheiros da própria SODF e de técnicos da Caixa Econômica Federal (CEF), que cuidam da parte financeira. “As rachaduras nas calçadas são causadas, em sua grande maioria, pelos carros e caminhões que insistem em estacionar em cima delas. O peso dos carros danifica o concreto e acaba causando prejuízo aos pedestres”, afirmou. “As ondulações existentes no asfalto podem ser explicadas por algumas razões técnicas: o asfalto naturalmente dilata com o calor e o peso dos veículos que trafegam na região desgastam o material, ajudando a causar tais ondulações”, apontou a pasta de obras.

Os serviços contratados, segundo a pasta, são executados de acordo com a legislação vigente e seguindo todas as normas técnicas aplicáveis. “Todos os materiais que são aplicados nas obras — concreto e asfalto — passam por testes, realizados in loco e em laboratórios. Além disso, os testes são alvo de análises constantes e recorrentes, a fim de garantir a qualidade e confiabilidade dos serviços”.

O órgão ressaltou que existe uma garantia dos serviços executados pelas empresas contratadas. “Sempre que se constata algum problema na execução dos serviços, a empresa é obrigada a reparar, sem qualquer ônus para a Administração Pública. Essa regra está expressamente prevista na Lei de Licitações e Contratos”.

Sobre as reclamações dos moradores, a secretaria relatou que os problemas acontecem somente nos 15% das obras que ainda não foram concluídas. “É o caso da rua 4A, que está sem pavimentação. A drenagem já foi concluída, contudo, por estar na terra, quando chove vira lama”, disse a pasta. “Na rua 10B, acontece a mesma coisa. Existe um trecho que a drenagem está em andamento”, detalhou.

A SODF ressaltou que, durante o período de chuvas, as obras de drenagem e pavimentação não podem ser executadas. “Pavimentação não se faz durante a chuva, porque existe compactação de solo e uma série de outras questões, que não podem ser feitas no período chuvoso. Além disso, o asfalto trabalha com uma temperatura altíssima e a chuva atrapalha esse serviço. Assim, o certo é não se fazer nem drenagem nem pavimentação durante a chuva. É o procedimento que estamos adotando”, disse a secretaria.

*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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Jornalista

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