youtube facebook instagram twitter

Conheça nossas redes sociais

Bolsonaro aposta na influência de Trump para tentar reverter inelegibilidade

By  |  0 Comments

Durante embarque de Michelle Bolsonaro para posse do republicano, ex-presidente alega perseguição e diz esperar não ter de usar tornozeleira

Nos corredores do Supremo Tribunal Federal (STF), se dá como certo que o ex-presidente Jair Bolsonaro será julgado neste ano pela Corte. A expectativa é de que o político seja levado ao banco dos réus ainda neste semestre, após a apresentação de uma denúncia pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Temendo ficar longe do poder e até com receio de ser preso, o ex-capitão do Exército se apega ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para tentar reverter revezes que está sofrendo na Justiça. Ontem, no Aeroporto de Brasília, enquanto a esposa Michelle Bolsonaro embarcava para Washington, ele criticou as decisões do ministro Alexandre de Moraes.

A defesa de Bolsonaro apresentou diversos recursos pleiteando a devolução do passaporte do cliente. Porém, Moraes, que é o relator do inquérito em que o ex-presidente figura como investigado, negou todas as solicitações. O militar da reserva é acusado de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. De acordo com a Polícia Federal, ele seria o principal beneficiado por uma eventual tomada de poder e derrubada das instituições democráticas. O caso está sob análise da PGR e a previsão é de que a denúncia seja oferecida no começo do próximo mês.

Trump toma posse amanhã, em uma cerimônia que deve reunir dezenas de milhares de pessoas na capital norte-americana. Ele convidou até mesmo opositores políticos, como o presidente da China, Xi Jinping. Porém, a tradição no país é que representantes diplomáticos das nações aliadas integrem o evento. No governo de Trump, o bilionário Elon Musk, proprietário de empresas como o X (antigo Twitter) e a Space X, terá papel relevante, ao menos no começo. No ano passado, Musk protagonizou embates públicos e intensos com o Supremo e com o ministro Alexandre de Moraes. O magistrado chegou a bloquear o acesso ao X no Brasil e bloquear ativos da Starlink, empresa de Musk que fornece internet via satélite.

Por conta desta conjuntura, Bolsonaro acredita que Trump vai comprar a briga e pressionar a Justiça brasileira e o governo para devolver os direitos políticos de Bolsonaro, que estão suspensos por oito anos por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Eu escuto o Alexandre de Moraes atacando a direita. Ou seja, ele toma partido político. Eu sou do tempo em que os juízes falavam nos autos, agora é diferente. Eu tenho certeza de que, recuperando minha elegibilidade, eu ganho as eleições. Agora, inelegível, é uma prova de que estamos em uma democracia igual à da Venezuela, onde a oposição é eliminada”, disse o ex-presidente.

Cinco dias

Apesar de negar o pedido de devolução temporária do passaporte, Moraes enviou o caso para análise da PGR, no prazo de cinco dias. Em uma manifestação anterior, a Procuradoria afirmou que a ida de Bolsonaro aos Estados Unidos “não tem interesse público” e apontou risco de que ele não retorne ao Brasil.

“Já tem influência no mundo todo da presença dele (Trump). Primeiros-ministros que estão caindo, Hamas fazendo acordo, o Trudeau renunciou. No México, grandes apreensões foram feitas. Gostaria de apertar a mão dele, não daria pra conversar. Mas, com toda certeza, se ele me convidou, ele tem a certeza de que pode colaborar com a democracia do Brasil afastando inelegibilidades políticas, como essas duas minhas que eu tive”, declarou o ex-presidente, que afirmou ser tratado como um preso político.

“Sou um preso político, apesar de estar sem tornozeleira eletrônica. Espero que a sua excelência não queria colocar em mim para me humilhar de vez”, completou.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, sugeriu que Bolsonaro e seus familiares viagem para morar nos Estados Unidos e criticou os pedidos de interferência na política brasileira. “Os Bolsonaros, que tanto idolatram Donald Trump, deviam pedir logo a ele que lhes conceda a cidadania estadunidense e deixem em paz o povo brasileiro. Talvez seja mais útil do que pedir ao chefão que interfira na Justiça e na política do Brasil, como andam fazendo, para tentar livrá-los da cadeia”, publicou ela nas redes sociais.

“Não tiveram vergonha nem de pedir que Trump cancele o visto de entrada do ministro Alexandre de Moraes. Se a gente lembrar que o inelegível bateu continência para bandeira dos EUA quando era presidente do Brasil, tanta subserviência a um governo estrangeiro não é novidade”, completou Gleisi.

Líder da direita

Michelle Bolsonaro falou brevemente com a imprensa antes de embarcar. Ela afirmou que o marido é alvo de perseguição. “Meu marido está sendo perseguido, mas, assim como aqueles que Deus envia, serão perseguidos. A gente sabe disso”, disse.

“Que Deus tenha misericórdia da nossa nação, do meu marido, assim como de um grande líder. Ele é o maior líder da direita, que elegeu, (mesmo) ‘inelegível’, o maior número de vereadores e prefeitos”, completou.

Processo

Jair Bolsonaro afirmou que vai processar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A declaração ocorreu em resposta ao chefe da economia, que acusou o senador Flávio Bolsonaro de comprar imóveis com dinheiro desviado de servidores. “Eles não têm o que fazer e sempre me acusam de alguma coisa. Falaram, inclusive, que eu comprei imóveis sem origem de dinheiro. Ele me acusa do que ele faz. Ele não olha para o que o chefe dele (presidente Lula) fez. (…) Eu só tenho um caminho: acreditar na Justiça e processá-lo”, disse Bolsonaro.

Flávio foi citado em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) como o responsável por uma movimentação atípica de R 1,2 milhão em uma conta no nome de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador.

O Ministério Público investigou por dois anos o caso, que resultou em denúncia de crimes de fraude, apropriação indébita, lavagem de dinheiro e organização criminosa contra Flávio, Queiroz e outros 15 envolvidos. Em 2021, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou as decisões anteriores sobre o caso envolvendo Queiroz e Flávio Bolsonaro

“As ‘rachadinhas’ foram combatidas porque a autoridade identificou uma movimentação absurda nas contas do Flávio Bolsonaro. Agora, Flávio Bolsonaro está reclamando da Receita. Não adianta esse pessoal, que comprou mais de 100 imóveis com dinheiro de rachadinha, ficar indignado com o trabalho sério que a Receita está fazendo”, afirmou Haddad, no Palácio do Planalto.

Imprensa repercute retenção de passaporte 

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de negar a devolução do passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi repercutida pelos principais jornais internacionais nos últimos dias.

O ex-presidente está com o passaporte retido como medida cautelar da investigação sobre uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Com a negativa do Supremo, Bolsonaro não irá à posse de Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos que assume o cargo amanhã.

O jornal americano The New York Times repercutiu a proibição com uma análise das semelhanças entre Bolsonaro e Trump, e por qual razão os dois políticos traçaram caminhos diferentes desde o momento em que deixaram o poder. Segundo a reportagem, “Trump está voltando ao poder, enquanto Bolsonaro encara a prisão”. Segundo o jornal, o ex-presidente brasileiro tomou um caminho diferente do adotado pelo presidente eleito americano porque, ao contrário do que ocorreu nos Estados Unidos, as autoridades eleitorais do Brasil foram ágeis em torná-lo inelegível e seu grupo político, desde então, só lhe ofereceu um “apoio morno”.

O jornal The Wall Street Journal, dos Estados Unidos, mostrou que Bolsonaro não irá à posse de Trump mesmo sendo um dos “mais próximos aliados” do presidente eleito na América Latina e com um convite para o evento.

O jornal americano The Washington Post destacou os argumentos da decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes, como o de que Bolsonaro não detém posição que lhe confira a representação oficial do Brasil na posse de uma autoridade estrangeira. A reportagem detalhou o histórico de conflitos na Justiça entre Moraes e Bolsonaro e cita que o ex-presidente considera o magistrado um “inimigo pessoal”.

O britânico The Guardian afirmou que, após a negativa da Suprema Corte brasileira, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) representará o pai na posse de Trump. O jornal afirmou que o deputado federal é um potencial candidato para a eleição presidencial de 2026.O El País, da Espanha, relembrou que o bolsonarismo celebrou “com euforia” a vitória de Trump em novembro de 2024.

A proibição da viagem de Bolsonaro também foi repercutida pela Al Jazeera, do Qatar, e pelo francês Le Figaro. Enquanto o principal jornal do Oriente Médio destacou que o ex-presidente brasileiro se sente vítima de “lawfare”, termo em inglês para “perseguição judicial”, o jornal francês citou que, além da investigação por golpe de Estado que retirou seu passaporte, Bolsonaro foi condenado em uma ação eleitoral que o torna inapto a concorrer a cargos eletivos até 2030.

*Com informações da Agência Estado

Quer ficar por dentro do que acontece em Taguatinga, Ceilândia e região? Siga o perfil do TaguaCei no Instagram, no Facebook, no Youtube, no Twitter, e no Tik Tok.

Faça uma denúncia ou sugira uma reportagem sobre Ceilândia, Taguatinga, Sol Nascente/Pôr do Sol e região por meio dos nossos números de WhatsApp: (61) 9 9916-4008 / (61) 9 9825-6604.

Jornalista

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *