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Reforma ministerial deve pautar ato de aniversário do PT
Evento no Rio de Janeiro, hoje, marca os 45 anos do Partido dos Trabalhadores, que enfrenta racha na disputa pelo comando da legenda e batalha interna para garantir um lugar na esperada dança das cadeiras na Esplanada
A reforma ministerial deve pautar o ato para celebrar os 45 anos do PT. O evento hoje, no Rio de Janeiro, terá a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há disputas internas por três ministérios, além da briga pelo comando da legenda.
Ao Correio, aliados de Lula afirmam haver a expectativa de que a cerimônia seja usada para apresentar a deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), como integrante do governo. Apesar de ainda não ser um anúncio oficial, em breve ela deve assumir a chefia da Secretaria-Geral da Presidência, no lugar do ministro Márcio Macêdo.
A pasta responde pela articulação com movimentos sociais, mas Macêdo é alvo de críticas por sua atuação desde o início do governo. Em café da manhã com jornalistas, em dezembro passado, ele disse que descobriu “um monte de inimigos” dentro do próprio Executivo, que atuavam pela sua fritura.
Com a confirmação da troca, o mandato de Hoffmann à frente da presidência do PT será encurtado, já que a eleição ocorre em julho. Ainda não há informação de quem assumiria o posto temporariamente até o pleito. O favorito para sucedê-la é o ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva, aliado próximo de Lula. Ele atuou como coordenador de Comunicação da campanha presidencial em 2022 e foi cotado para substituir Paulo Pimenta na pasta.
O nome de Edinho, porém, está longe de ser unanimidade. Ele tem perfil mais moderado e defende que a legenda se afaste da polarização com o bolsonarismo, o que irrita a ala mais à esquerda e a corrente liderada por Lula, a Construindo um Novo Brasil (CNB). Grande parte dos petistas defende ser preciso reforçar a posição à esquerda da legenda.
Caso Lula confirme Gleisi no Planalto, cenário dado como certo, ela terá de deixar o comando do PT, e o presidente interino teria força para se cacifar como concorrente de Edinho.
O chefe do Executivo vem sinalizando que a reforma ministerial vai começar pelo núcleo do PT no governo. Um dos objetivos das mudanças é “arrumar a casa”, tirando ministros que não têm entregas satisfatórias. No entanto, aliados enfatizam que a dança das cadeiras precisa acomodar legendas do Centrão, já que o Executivo precisa obter maior apoio no Congresso Nacional.
A provável troca na Secretaria de Relações Institucionais (SRI), com a ida do ministro Alexandre Padilha para o Ministério da Saúde, abre caminho para que Lula atenda a um pleito importante dos partidos de centro: comandar a articulação política.
O mais cotado para substituir Padilha é o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), cacifado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Além disso, partidos como PP, PSD, União, MDB e Republicanos cobram mais caro pelo apoio após seu crescimento nas eleições municipais e pedem o comando de pastas com grandes orçamentos. A Saúde é um exemplo, cobiçada pelo PP, mas o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) também demonstrou interesse no Ministério da Agricultura, hoje chefiado por Carlos Fávaro, senador pelo PSD. Aliados de Lula veem como inevitável que a reforma chegue ao Centrão e pedem, inclusive, urgência, já que é preciso reagir contra a queda na popularidade.
Embate na Saúde
Desde quinta-feira, aumentaram os rumores de que a ministra da Saúde, Nísia Trindade, estaria muito próxima de deixar o governo. O seu eventual sucessor, Padilha, foi chefe da pasta durante o governo Dilma Rousseff, entre 2011 e 2014. Ele foi um dos responsáveis pelo Programa Mais Médicos, uma das maiores marcas das gestões petistas na saúde.
Padilha é médico de formação e desfruta de prestígio por parte do presidente. Ele resistiu a uma fritura, encabeçada pelo então presidente da Câmara, Arthur Lira, de parlamentares do Centrão insatisfeitos com o ritmo de liberação de emendas e com a falta de cumprimento de acordos pelo governo federal. Porém, é considerado fiel ao presidente e segue suas orientações à risca.
Em meio à pressão por sua saída, Nísia tem prestado contas das entregas que fez na pasta. Nas redes sociais, nesta sexta-feira, ela apresentou números de cirurgias eletivas realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no último ano. Uma das principais cobranças de Lula para a ministra é o andamento mais ágil da fila do SUS. De acordo com ela, o ministério alcançou “marco histórico”, com 1,35 milhão de cirurgias feitas pelo Programa de Redução de Filas e 99% da fila de 2024 zerada.
Nesta sexta-feira, ela disse que continua firme e segue trabalhando. “O presidente Lula afirmou que não está colocando reforma ministerial na mesa, mas, a qualquer momento, como é natural nos governos, ele poderá fazer substituições. Continuo firme, porque trabalho dentro do projeto apresentado pelo presidente Lula”, sustentou, em entrevista à CBN, em Maringá (PR), onde cumpriu agenda.
Apesar da troca de nomes na Saúde ser dada como certa por aliados do governo, não deve ser imediata. Fontes próximas ao presidente dizem que ele aguardará passar o carnaval para anunciar, primeiro, a nomeação de Gleisi.
Outro ministério alvo de disputa é o de Desenvolvimento Agrário, atualmente comandado por Paulo Teixeira. Ele tem sido criticado pelo Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) por falta de ações da pasta.
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