Clima acirrado entre ex-aliados marca eleições do Sinpol-DF

À medida que as eleições para o Sindicatos dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF) se aproximam, o clima de disputa vai se acirrando entre os candidatos. Os ânimos têm se exaltado principalmente entre dois dos seis concorrentes: o presidente da entidade na última gestão, Rodrigo Franco, o Gaúcho, e o vice-presidente Renato Rincon. Ex-aliados, eles agora disputam a presidência em chapas opostas e trocam acusações na reta final da campanha. A votação será no próximo dia 7.

As farpas são disparadas principalmente nas redes sociais e nos grupos da corporação na internet. Representante da Chapa 60 — Operação Resgate, Rincon afirma em uma postagem: “A campanha eleitoral da Chapa 30 é muito rasteira!”. De acordo com o candidato, os adversários estariam utilizando um tratamento médico pelo qual passa como artilharia contra o aspirante à presidência da entidade.

“Essas mentiras e ataques demonstram quem são as pessoas que pretendem representar nossa categoria. Inescrupulosos, mentirosos e sem nenhuma ética! Hoje, tenho vergonha de ter feito parte desse grupo abjeto!”, continua Rincon, sobre o ex-aliados.

Gaúcho (foto), representante da Chapa 30 — Juntos Somos Fortes, não fica atrás na hora de falar do oponente. Também em nota divulgada nas redes sociais, ele acusa Rincon de alimentar uma “picuinha pessoal” contra a última diretoria.

“Sua vaidade cega e ambição desmedida gerou um alto custo ao bom andamento da atual gestão. E vem plantando uma nova semente de ódio e desagregação no seio da categoria. Não há pudor algum, reserva alguma em macular honras, o nome de um sindicato e de uma categoria. Lamentável que toda uma chapa tenha colocado seu nome, seus projetos e seus sonhos à disposição de uma picuinha pessoal, de uma guerra pessoal”, finaliza.

Polêmicas
Além dos ataques pessoais, as chapas têm sido obrigadas a lidar com polêmicas. O grupo de Renato Rincon é acusado de sexismo por conta de um artigo escrito pelo candidato à vice-presidência, Paulo Ramirez, em 2015. No texto, Ramirez defende a limitação do ingresso feminino nas polícias brasileiras.

Para o aspirante a vice-presidente do Sinpol-DF, “a função policial por si só e muito penosa e exige certas qualidades físicas que o sexo feminino, apesar de possuir, não consegue igualá-las à do sexo masculino, por questões meramente fisiológicas”, afirma no artigo. Ainda no texto, ele defende que as polícias repensem a possibilidade de limitar o ingresso do sexo feminino de forma a permitir “pessoas que possam exercer todas as atribuições do cargo sem limitações físicas”.

Já na Chapa 30, um vídeo publicado pelo presidente do Sindicato dos Policiais Federais do DF (Sindipol-DF), Flávio Werneck, também causou a ira do candidato Rodrigo Gaúcho. Na gravação, o representante dos policiais federais indica que o reajuste dos salários para os policiais civis, pelos quais lutam há pelo menos seis meses, não foi concedido por conta da falta de habilidade política de Gaúcho.

Também em declaração divulgada em grupos policiais, o presidente do Sinpol-DF, por sua vez, nega as acusações e afirma ter ficado “indignado com a covardia de Werneck em interferir nas eleições” da entidade. Gaúcho acusa ainda o presidente do Sindipol-DF de tentar eleger Renato Rincon para conseguir votos de policiais civis em uma planejada campanha à Câmara dos Deputados.

Versões
Procurado pelo Metrópoles, Rodrigo Gaúcho afirmou que há divergências entre os candidatos que estão sendo expostas nas eleições. “No entanto, do nosso lado, não baixamos o nível. Estamos apenas nos defendendo de ataques”, explica.

O discurso é parecido com o de Renato Rincon. “Eu procuro pautar nossa campanha por meio de propostas e critico a forma de gestão da antiga diretoria, sem fazer ataques pessoais. Infelizmente, a recíproca não é verdadeira. Isso é ruim porque, passado esse momento eleitoral, todos nós policiais civis estaremos no mesmo barco”, alega.

Outros candidatos
Fora do clima de guerra entre os ex-aliados, outros candidatos afirmam que a campanha tem sido tranquila. Jefferson Furtado, representante da Chapa 10 — Paridade Já, afirma que tem conseguido passar sua mensagem e recebido apoio. Quanto às brigas entre os outros dois candidatos, ele explica que não tem atrapalhado o andamento da campanha, mas que “pega mal para os dois”.

O sentimento é ecoado por Alceu Prestes, candidato da Chapa 20 — Una: “São assuntos internos que poderiam ser tratados com diálogo e maturidade, mas estão sendo levados a público”, afirma, sobre a troca de acusações entre Rincon e Gaúcho.

(Incorporado do Jornal Metrópoles)