Consumidor que deixou as compras para última hora encontra preços altos
Consumidores encontram lojas vazias e valores elevados, enquanto comerciantes relatam vendas abaixo do esperado na Feira dos Importados e no Conjunto Nacional, refletindo os desafios econômicos deste ano
Na véspera de Natal, a tradicional busca de última hora por presentes nos corredores da Feira dos Importados e do Shopping Conjunto Nacional, em Brasília, está abaixo do esperado. Embora o comércio esteja repleto de sacolas e expectativas, a percepção entre consumidores e comerciantes varia entre otimismo moderado e frustração com vendas abaixo do esperado.
Segundo pesquisa do Instituto Fecomércio-DF, o gasto médio dos consumidores neste Natal subiu 14,8% em relação ao ano passado, passando de R$345,26 para R$396,67. A estimativa é que os homens desembolsem um valor médio de R$ 419,79 em presentes, enquanto as mulheres planejam gastar R$ 375,79. Com o aumento no ticket médio, a economia local deve movimentar até R$ 992 milhões, representando um crescimento de até 9% nas vendas em relação ao ano passado.
Ontem, na Feira dos Importados, porém, o cenário não refletia os dados otimistas. Caique Lima, 28 anos, comerciante de acessórios e artigos para celulares, afirmou que as vendas estão abaixo do esperado. “Estou na feira há quatro anos, e este foi o mais fraco de todos. Mesmo com o Natal tão perto, a feira está praticamente vazia”, contou.
Daniel de Oliveira, 38, que trabalha com roupas no mesmo local, concorda com Caique. “Este ano está mais devagar, as pessoas parecem receosas de gastar e procuram produtos mais baratos. Tem muita gente andando e pesquisando, mas o movimento está longe do esperado”, disse.
Shopping
Entre os consumidores, as opiniões também refletem os desafios econômicos deste ano. A estudante Vanessa Barros, 22, deixou para comprar os presentes na última hora devido à rotina intensa da faculdade. “Tá tudo bem mais caro do que o habitual. Mesmo nesta época de Natal, achei o shopping vazio, provavelmente por causa dos preços”, contou a moradora de Sobradinho.
Célia Flecha, 42 anos, moradora do Jardim Botânico, também se surpreendeu com o movimento tímido. “Estou aqui tentando achar algo para presentear meus filhos e minha mãe. Estou até estranhando o shopping estar tão vazio justo em 23 de dezembro. Os preços subiram horrivelmente”, disse.
A professora Lucilene Souza, 42 anos, também do Jardim Botânico, foi ao shopping acompanhada da filha Maria Coutinho, 16, e saiu carregada de sacolas de presentes e compras pessoais. “A gente deixou para última hora. Consegui comprar tudo, mas está tudo muito mais caro. Algumas coisas eu paguei à vista, outras parcelei no cartão, dependendo do que compensava mais”, comentou.
O servidor público Diogo Borges Mota, 38, também estava ontem no Conjunto Nacional. Este é o segundo ano que ele decide deixar a barba crescer e se aventurar nas compras de Natal vestido de Papai Noel ao lado da filha, Maria Alice, de 6 anos. “Deixei a barba crescer e descolorir para ficar grisalha e poder me transformar no Papai Noel. No ano passado, foi por acaso, a barba já estava grande e vi um vídeo no Instagram com a ideia. Mas este ano, comecei a deixar crescer desde o início do ano, com esse objetivo em mente”, revela Diogo.
Para ele, viver esse momento ao lado da filha é uma experiência única. “Ver a reação dela, achando o máximo me ver vestido de Papai Noel, foi emocionante. Tenho certeza de que essa será uma lembrança afetiva que vai marcar a vida dela”, conta.
Expectativa
Embora 85,9% dos consumidores tenham declarado intenção de comprar presentes, o otimismo dos comerciantes parece não se traduzir em vendas concretas para alguns setores. Ainda assim, uma pesquisa da Fecomércio, realizada entre 4 de outubro e 11 de novembro, com 573 entrevistados, e divulgada no início de dezembro, apontou que o Natal de 2024 será o segundo mais promissor dos últimos oito anos.
Com vestuário e acessórios no topo das preferências de presentes (24,1%), seguidos por brinquedos (21,7%), calçados (16,2%) e cosméticos (14,4%), as compras tendem a se concentrar em lojas físicas, de acordo com o levantamento.
Entre os lojistas, 77% estavam otimistas em relação às comemorações deste ano, projetando vendas superiores às do ano passado, enquanto 18,8% esperavam manter o mesmo volume, e apenas 4,2% tinham perspectivas de queda.
O que abre
A Fecomercio informou que, no feriado de Natal, amanhã, o setor de comércio e serviços não funcionará. Hoje, o funcionamento dessas empresas será somente até as 18h, com exceção das empresas de sistemas eletrônicos de segurança, que devem encerrar as atividades até as 17h, e dos supermercados, que funcionarão, no máximo, até as 20h.
Bares e restaurantes poderão realizar ceias de Natal, desde que o estabelecimento siga as regras de folga compensatória ou salário dobrado pelo trabalho em dia de feriado.
Farmácias têm autorização para funcionamento em horário livre durante todos os dias do ano, sendo que 10% delas em regime de plantão 24h. Nos dias 24 e 25 de dezembro, a maioria funciona até as 18h, permanecendo abertas as unidades que estarão de plantão. Feiras podem funcionar normalmente hoje e estarão fechadas amanhã.
*Estagiária sob a supervisão de Eduardo Pinho
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