Guarda Nacional é sugestão de quem não conhece de fato a realidade de Brasília
Por Chico Vigilante
Depois dos fatos gravíssimos que aconteceram no início do mês no Distrito Federal, da invasão dos prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e da sede do Supremo Tribunal Federal (STF), tem muita gente falando besteira por aí. Já falaram em acabar com o fundo constitucional do DF, mais recentemente, um senador do PSDB de Sergipe protocolou no Senado Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com a finalidade de acabar com esse fundo e agora, tem se falado em criação de uma guarda nacional.
As pessoas que estão sugerindo acabar com o fundo e agora estão falando na criação de uma guarda nacional são pessoas que se manifestam dessa forma porque não conhecem Brasília, não conhecem a realidade desta cidade.
Estou aqui há 43 anos. Sou fundador do PT e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), participei de todas as atividades de manifestações desta cidade, inclusive quando foi decretado estado de emergência pelo presidente João Batista Figueiredo, que ficou sobre a ordem do general Newton Cruz. Participei daquilo que chamaram de “badernaço”, que na verdade era uma manifestação pacífica, mas a direita, infiltrada na época por paramilitares, fez o que fez. E nunca se falou na necessidade de criação de guarda nacional em Brasília.
Portanto o que se precisa fazer, em vez de falar bobagens, é ouvir quem de fato conhece a capital brasileira. Em minha opinião o que precisa ser feito é o reaparelhamento da Polícia Militar do DF. É abrir mais concursos, e aí cabe ao Governo Federal determinar a abertura desses concursos, para que possamos recompor vagas. Estamos em 2023 com o mesmo efetivo que tínhamos na década de 80, quando o Distrito Federal praticamente quadruplicou ao longo desse período.
Ao invés de se falar em criação de uma guarda nacional, o que deve ser feito é reativar o batalhão da PM que cuidava do Congresso Nacional, assim como revitalizar e reativar o batalhão Rio Branco que era responsável pela segurança das embaixadas. É preciso, também, desbolsonarizar o batalhão da guarda presidencial. Quem não se lembra que o batalhão da guarda presidencial fazia rondas dos palácios até o Conic, nos setores comercial e setor bancário sul? Tudo isso precisa ser retomado, não a criação de uma guarda nacional.
Até porque, se for criada, esta não será uma guarda nacional, mas um apetrecho para se cuidar da segurança interna desses prédios públicos. O que pode ser feito é determinar que a Praça dos Três Poderes passe a ter policiamento feito pela Polícia do Exército e deixar que a segurança interna dos prédios continue sendo feita pelos vigilantes, perfeitamente capazes de exercer esta atividade. A tal guarda nacional é uma ameaça direta ao emprego direto dos vigilantes e sou contra isso. Falarei sobre o assunto com o presidente Lula e quero pedir às autoridades que procurem falar menos e fazer mais daqui por diante.
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