Quase três mil pessoas moram nas ruas do DF, mostra pesquisa
Em vez de retornarem todos os dias para casa, elas improvisam nos espaços públicos um local de moradia e pernoite ou vão para um dos serviços de acolhimento disponibilizados pelo GDF.
Estima-se que 2.938 pessoas vivam assim no Distrito Federal. É o que revela a mais recente pesquisa da Companhia de Planejamento (Codeplan), realizada em parceria com o Fundo de População das Nações Unidas, com a Secretaria de Desenvolvimento Social do DF e apoio da Secretaria de Economia, sobre o Perfil da População em Situação de Rua do Distrito Federal, divulgada nesta terça-feira (14/6) em transmissão ao vivo pelo nosso canal no Youtube https://www.youtube.com/watch?v=qSRe2ZbmJY8.
A pesquisa também contou com o apoio técnico da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e com recursos da CLDF, por meio de emenda parlamentar da deputada Arlete Sampaio.
Os dados foram coletados em fevereiro de 2022 em todas as 33 regiões administrativas do Distrito Federal. Nenhum lugar ficou de fora do radar da coleta, que incluiu espaços públicos, serviços de acolhimento e comunidades terapêuticas nos itinerários da equipe de entrevistadores.
Classificou-se como pessoa em situação de rua aquele ou aquela que respondesse que dormiria ou tinha dormido pelo menos uma vez nos últimos sete dias na rua ou em um serviço de acolhimento.
Pandemia
Com esse perfil, foram localizadas 2.938 pessoas, sendo que 1.767 foram entrevistadas e 927 também classificadas como pessoas em situação de rua pelas equipes de coleta, não puderam ou não quiseram responder o questionário. O dado mais tocante desse grupo é que 244 eram crianças ou adolescentes. Também chama atenção que 46,3% das pessoas entrevistadas estão na rua há pelo menos mais de cinco anos. 38,2% dos entrevistados afirmaram terem ido para a rua durante a pandemia, ou seja, há 2 anos ou menos. Mais especificamente, 14,2% declararam que foram entre 1 e 2 anos e 24% foram no último ano. Do total de pessoas, 3,9% não sabem ou não responderam.
Identidade de gênero, raça/cor e origem
O estudo levantou ainda informações sobre outras características dessa população, como identidade de gênero, cor da pele, localidade de origem e etnia. A pesquisa mostra que, no universo das pessoas identificadas em situação de rua, aproximadamente 80,7% são do sexo masculino, já 19,3% são do sexo feminino. Do total de pessoas entrevistadas, 92,7% afirmaram ser heterossexuais, 1,9% gays, 1,7% lésbicas. Dentre as entrevistadas, 50,4% se autodeclararam de cor parda, 20,7%, pretas e 14,7% se autodeclararam brancas e 11,6%, indígenas.
Mais da metade da população em situação de rua no Distrito Federal – 51,7% são migrantes internas. Elas nasceram em outros estados brasileiros e se mudaram para o Distrito Federal em algum momento de suas vidas. 47,2% disseram aos entrevistadores que sempre moraram no DF.
A maior parcela das pessoas que se encontrava em situação de rua em fevereiro 2022 estava na faixa etária entre 31 a 49 anos . A maioria das pessoas entrevistas declarou que as principais atividades que realizou para geração de renda nos dias anteriores à pesquisa foram as de a coleta de material reciclável, lavar ou cuidar de carros, vender de produtos em semáforos ou simplesmente pedir.
Entre as crianças e adolescentes, 42,7% são do sexo masculino e 52,4%, do sexo feminino. As informações foram fornecidas por seus pais ou responsáveis que afirmaram, ainda, que 37,7% das pessoas nesse grupo são pardas e 34,0% são indígenas.
Confira o relatório na íntegra: Perfil da População em Situação de Rua no Distrito Federal
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