Lula: “2025 será o ano da colheita”
Na primeira coletiva do ano, presidente demonstra disposição para enfrentar desafios e reforça foco em 2025 como ano de entregas e consolidação de seu governo
Em sua primeira entrevista coletiva desde o acidente doméstico em setembro, que o obrigou a passar por delicados procedimentos cirúrgicos na cabeça, um bem humorado presidente Lula afirmou aos jornalistas que está “100% recuperado para as lutas que vierem”. E garantiu que os encontros com a imprensa, como o realizado nesta 5a feira (30), voltarão a ser constantes em seu mandato. O objetivo é evitar boatos e garantir que as notícias do governo cheguem antes das fake news. “Vamos ter mais conversa. Vou estar mais à disposição de vocês, para derrotarmos definitivamente a mentira nesse país”, afirmou.
Antes de abrir para perguntas, o presidente declarou que “2025 será o ano da colheita” para seu governo. Após dois anos de plantio, nos quais as bases de crescimento e desenvolvimento foram estabelecidas, prometeu que as entregas começarão a ser feitas e divulgadas com mais intensidade. “Esse é o ano mais importante do meu mandato”, declarou, destacando que o país, que estava “desmontado” quando assumiu, agora está pronto para coletar os frutos das políticas implementadas desde 2023.
Taxa de juros e autonomia do Banco Central
A primeira pergunta foi sobre o aumento da taxa de juros pelo Copom para 13,25%, anunciado na última 4a feira (29), e a previsão de nova alta em março. Lula afirmou que não foi surpresa. “Já esperava por isso. Em um país como o Brasil, o presidente do Banco Central não pode dar um cavalo de pau em um mar revolto de uma hora pra outra”, explicou.
Ele expressou confiança no novo presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, “sei que ele tentará entregar uma taxa de juros mais baixa, no tempo que for possível”, e reiterou que a autonomia da instituição será respeitada. “No meu governo, o presidente do BC tem autonomia de verdade, como o Meireles teve durante 8 anos”, disse. relembrando seus dois primeiros mandatos.
Crescimento econômico e retomada
Lula não poupou números para ilustrar os avanços econômicos. Lembrou que, em 2023, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projetava um crescimento modesto de 0,8% para o Brasil, mas o país cresceu 3,2%, quase quatro vezes acima do esperado, ressaltando que para 2024 a expectativa é de um aumento entre 3,5% e 3,7%. E lembrou que a indústria brasileira está em alta pela primeira vez em muitos anos. “Há quanto tempo vocês não a viam crescer? Agora cresceu 3,4%”, comemorou.
Políticas que incentivem o desenvolvimento sustentável, o emprego e a distribuição de renda também foram destacadas. “Queremos que o dinheiro chegue na ponta. Pouco dinheiro na mão de muitos significa distribuição de renda. Muito dinheiro na mão de poucos significa miséria”, afirmou, referindo-se ao novo programa de crédito consignado para o setor privado, definido em um acordo com os bancos, que será anunciado em breve.
Aumento dos preços
O impacto da alta dos alimentos, especialmente sobre as camadas mais vulneráveis, foi reconhecido pelo presidente. “O aumento dos preços da cesta básica é muito ruim, porque atinge os mais humildes, que queremos proteger”, disse. No entanto, medidas populistas ou intervencionistas, como cotas ou controles de preços, foram descartadas. Em vez disso, o governo priorizará o aumento da produção e o apoio a pequenos e médios produtores, além de buscar diálogo com o setor privado para normalizar a situação.
Outro tema sensível foi o possível aumento do preço do diesel e o risco de paralisações dos caminhoneiros. Lula garantiu que não cabe a ele autorizar reajustes, e sim à Petrobras. E afirmou que “se houver manifestação, vou fazer o que fiz a vida inteira: vou conversar”.
O Brasil no cenário internacional
O papel do Brasil no cenário internacional também foi tratado. Segundo Lula, o país sediou o maior G20 da história e irá realizar o melhor encontro dos BRICS e a melhor COP, que será sediada em Belém, no coração da Amazônia, “onde todo mundo dizia que não seria possível fazer”.
“A COP 30 será um balizamento do que queremos daqui pra frente. É preciso que façamos uma discussão séria sobre o clima, se queremos sobreviver”, disse.
Quanto às ameaças do presidente americano, Donald Trump, de sobretaxar os produtos brasileiros, Lula avisou que, caso aconteça, “haverá reciprocidade”. E aproveitou para criticar o mandatário dos Estados Unidos pelo retrocesso anunciado nas políticas ambientais do país. “Descumprir o acordo de Paris e não dar dinheiro para a OMS é uma regressão da civilização humana”, afirmou. No entanto, fez questão de lembrar que irá “respeitar os EUA e quero que respeitem o Brasil, desejo melhorar a relação com eles, que já dura 200 anos”.
Democracia e diálogo com o Congresso
Lula reforçou seu compromisso com a democracia e o diálogo. O presidente defendeu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que vem sendo alvo de críticas de partes da imprensa e de políticos. E destacou suas conquistas, como a PEC da Transição, o arcabouço fiscal e a reforma tributária. “Jamais houve uma reforma tributária aprovada em um regime democrático. Conseguimos um milagre”, afirmou.
Sobre a relação com o Congresso, ressaltou a importância da negociação e do respeito às instituições. “Já demonstramos que não há dificuldade em governar se houver disposição e conversa”, disse. A sucessão nas duas casas, que será decidida em eleição no próximo sábado, não foi comentada. “Quem ganhar terá meu respeito”.
Mudanças nos ministérios
Questionado sobre a possibilidade de Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, assumir um ministério, Lula foi cauteloso. “A companheira Gleisi já foi chefe da Casa Civil da Dilma. Ela é um quadro muito refinado”, afirmou. O presidente destacou a capacidade de Gleisi, mas deixou claro que ainda não há decisão sobre o assunto. “No dia que decidir uma possível reforma, vocês saberão, por mim, em primeira mão”, afirmou.
No entanto, o presidente deixou claro que não hesitará em fazer mudanças nos ministérios, se necessário. “Em um jogo de futebol, muitas vezes o técnico substitui jogadores, inclusive os melhores, quando não estão bem. É assim que fazemos na política”, comparou.
Ajuste fiscal
Sobre o ajuste fiscal, Lula foi enfático ao afirmar que não abrirá mão da responsabilidade com as contas públicas. “Estabilidade fiscal é muito importante pra esse governo e pra mim. A gente quer o menor déficit, porque quer que o país dê certo”.
E lembrou que o orçamento enviado ao Congresso já contempla as previsões necessárias para o ano e que eventuais cortes serão feitos com cuidado. “Só faremos novas dívidas para investimentos importantes”, garantiu, reforçando o compromisso com o equilíbrio fiscal.
O futuro
Ao final da coletiva, Lula brincou com sua disposição física. “Tô com muita jovialidade. Quero entregar o país com o povo mais feliz. E quero que todos vocês me acompanhem nesses 120 anos que desejo viver”, disse, em tom bem humorado.
E deixou claro que seu foco está em 2025, o ano da colheita. “Vamos terminar o mandato com uma situação positiva”, concluiu, demonstrando confiança nos rumos do país.
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