Voepass não reforça teoria de que gelo derrubou avião em Vinhedo (SP)
Executivos da Voepass evitam atribuir a queda em Vinhedo (SP) ao fato de que o turboélice pode ter apresentado algum problema que permitiu o acúmulo nas asas. Afirmam, ainda, que aparelho foi revisado horas antes
Em coletiva ontem à noite, dois executivos da Voepass Linhas Aéreas evitaram atribuir a queda do bimotor em Vinhedo (SP) ao eventual acúmulo de gelo nas asas. Isso porque, ao longo do dia, especialistas em aviões e analistas de acidentes aéreos levantaram a hipótese de que esta poderia ter sido a razão para que o bimotor tivesse perdido o controle, uma vez que as condições meteorológicas não eram boas.
Imagens do acidente mostram a aeronave caindo em um giro vertical, posição chamada no meio da aviação de “parafuso chato”, o que é apontado como principal indicativo de que o acidente ocorreu em razão de uma perda de sustentação. Segundo especialistas, isso pode estar associado à formação de gelo nas asas. Porém, o voo não reportou emergência, de acordo com o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
O ATR-72 voa em um nível intermediário de altura, o que facilita a formação de gelo, sobretudo quando há frentes frias. De acordo com especialistas, a formação de gelo ocorre, em média, a uma altura entre 14 mil e 24 mil pés.
Na rede social X (ex-Twitter), o Flightradar24 publicou um alerta de formação de gelo severo entre 3,6 mil e 6,4 mil metros de altura. A aeronave voava a quase 5,2 mil metros pouco antes do acidente. Quando o gelo “gruda” no perfil da asa, ela perde a sustentação. Também pode se acumular na hélice e fazer com que ela perca rendimento.
Eduardo Busch, CEO da Voepass, e Marcel Moura, diretor de Operações da companhia, não afastaram a possibilidade de que a formação de gelo nas asas pode ser a razão da tragédia, mas deixaram claro que somente a investigação do Cenipa determinará o que causou o estol do aparelho. Conforme disseram, a aeronave acidentada tinha sido submetida a uma revisão técnica, em Ribeirão Preto (SP) — sede da empresa —, um dia antes do desastre. Observaram, ainda, que todos os sistemas do avião estavam operacionais no momento da decolagem — e que isso é o que torna o episódio ainda mais surpreendente e preocupante.
“A aeronave estava perfeitamente navegável, dentro dos regulamentos, dos manuais, dentro dos requisitos tanto do fabricante quanto das autoridades e dos nossos processos internos”, garantiu Marcel.
O diretor de Operações afirmou que o bimotor estava dentro de todos os pré-requisitos e não tinha apresentado nenhuma “intercorrência técnica” anteriormente. “Essa aeronave estava despachada com todos os critérios técnicos”, disse Marcel, em resposta a uma indagação sobre um vídeo, que circulou nas redes sociais, de uma passageira que mostrou um problema no ar condicionado de um avião na empresa, no qual teria viajado. O diretor evitou dizer que tratavam-se dos mesmos aparelhos e observou que os ATRs têm como característica serem mais quentes, uma vez que a geração de energia vem dos próprios motores.
Com informações do Correio Braziliense
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