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Autoridades exaltam Chateaubriand

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Defesa da liberdade de imprensa foi citada por convidados que prestigiaram a pré-estreia do musical que conta a história do magnata

A sessão de pré-estreia do musical Chatô e os Diários Associados — 100 anos de paixão reuniu, na última terça-feira (10/6), autoridades, empresários e lideres políticos, no Centro de Convenções Ulyssses Guimarães, em Brasília, que analisaram a importância e o legado do jornalista para a vida nacional. Entre os convidados estavam Lu Alckmin, mulher do vice-presidente Geraldo Alckmin, ministros, parlamentares e autoridades do judiciário.

Filho da pequena cidade de Umbuzeiro, no interior da Paraíba, Assis Chateaubriand construiu um dos maiores impérios midiáticos do mundo ocidental. Com os Diários Associados, controlou jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão em todo o país. Foi embaixador do Brasil em Londres, senador da República e fundador do Museu de Arte Moderna (MASP), além de um dos responsáveis por trazer ao Brasil a primeira emissora de televisão da América Latina — a TV Tupi, inaugurada em 1950, no Rio de Janeiro.

O espetáculo, que conta a trajetória de Assis Chateaubriand, patrono da comunicação moderna brasileira e figura central do século XX, suscitou, também, uma reflexão sobre a importância do papel do jornalismo e da liberdade de imprensa na defesa dos valores democráticos, no mesmo dia em que o ex-presidente Jair Bolsonaro e um grupo de aliados foram interrogados no julgamento da trama golpista.

Para o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), também paraibano, a figura de Chateaubriand representa mais do que um marco na história da imprensa, tratando-se de um símbolo da obstinação e do protagonismo nordestino. “Para nós, paraibanos, é um motivo de orgulho. Não sei se é uma predestinação, mas, com certeza, é uma obstinação. Desde jovem, teve um perfil desbravador e venceu. venceu como poucos”, comentou.

Veneziano destacou que apesar das controvérsias que rondavam Assis Chateaubriand, as realizações são as que mais merecem destaque. “Ele era um homem de coragem, de ideias à frente de seu tempo. Naturalmente, um ser diferenciado também carrega controvérsias, e ele teve algumas. Mas são inegáveis as grandes conquistas que ele deixou, muitas das quais ainda desfrutamos até hoje no campo da comunicação, da cultura, da educação e da própria democracia”.

O senador falou sobre o crescimento da comunicação no Brasil e no mundo, e o surgimento da Inteligência Artificial (IA), que, segundo ele, se não for regulamentada poderá comprometer a integridade do debate público e eleitoral.

O ex-ministro da Defesa Raul Jungmann reforçou o legado deixado pelo jornalista paraibano. “Sua obra foi uma fábrica de notícias e teve um papel decisivo, não apenas como empresário ou jornalista, mas como defensor da liberdade de imprensa e do processo democrático”.

Jungmann alertou que o Brasil ainda precisa exercitar sua vigilância institucional. “É incrível como, tantos anos depois da partida de Chateaubriand, ainda precisamos retomar esse debate e redobrar nossa atenção. Ele cumpriu sua tarefa. Agora, cabe a nós manter o legado vivo.”

O ex-presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos Roberto Caldas destacou que a comunicação livre está no núcleo dos direitos humanos e que o legado deixado por Assis Chateaubriand precisa ser exaltado. “A obra dele se perpetuou de tal maneira que os Diários Associados tornaram-se um verdadeiro ícone da imprensa brasileira. A liberdade de imprensa e a liberdade de expressão são direitos humanos, direitos fundamentais. Estão na categoria dos direitos sociais — são direitos da coletividade.”

Para o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Antônio Vieira Fernandes, o legado de Chateaubriand ultrapassa a comunicação, sendo um visionário no empreendedorismo numa área que o Brasil desconhecia. Ele lembrou a atuação política de Chatô nos anos 1930, especialmente durante a Revolução. “A Revolução de 30 tem um aspecto muito vinculante à atuação dele como jornalista. Ele projetou o Brasil mundo afora. Como paraibano, fico muito feliz em estar presente neste momento tão singular”.

O ministro do Tribunal de Contas da União Antônio Anastasia lembrou a importância do papel da imprensa, não apenas em comunicar, mas levar a informação correta para a sociedade. “Sem imprensa, não há civilização. A imprensa é o fundamento da liberdade, da manifestação de opinião, de dar informações sérias e precisas para a opinião pública e não narrativas distorcidas”.

Exposição

Na cerimônia, Assis Chateaubriand foi lembrado como um dos nomes mais emblemáticos da comunicação brasileira, figura central na construção do sistema de mídia no país. Além do musical, a pré-estreia contou com a abertura de uma exposição com 20 painéis que traçam a trajetória do empresário, destacando seu papel como pioneiro da imprensa, entusiasta da cultura e defensor do desenvolvimento nacional. Autoridades, representantes políticos e jornalistas participaram do tributo.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes refletiu sobre a importância histórica do homenageado: “Sem dúvida, é bastante importante que se focalize na figura do Chatô, de alguma forma, a importância para o jornalismo brasileiro, essa revisita, que também é um pouco revisitar a história do Correio Braziliense, que tem tanta importância em Brasília e para Brasília. Nós estamos em meio a muita discussão sobre isso, nessa relação muito complexa entre redes sociais, meios de comunicação tradicionais e, certamente, é importante revisitar esses tempos heroicos.”

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovações, Luciana Santos, fez uma análise mais ampla sobre o papel de Chateaubriand na fundação do sistema de comunicação no Brasil — e os desafios contemporâneos enfrentados pela imprensa ante às novas tecnologias.

“Sem dúvida, foi um homem visionário. A gente deve ao sistema de comunicação brasileiro, a sua astúcia, a sua capacidade de escrever e a sua visão política de ser alguém que tinha trânsito pela capacidade de produção de textos, pela capacidade de analisar não só fatos, mas também a realidade política.”

Ela prosseguiu, destacando a importância do empresário para a evolução da história da comunição no país. “Do ponto de vista da construção de um sistema privado, ele, sem dúvida, foi determinante para que a gente tivesse o que a gente tem. Eu penso que a comunicação continua sendo estratégica, sendo que, agora, os meios de comunicação se multiplicaram, principalmente por conta do fenômeno da internet, do smartphone e de todas as suas plataformas.”

Ao comentar sobre os desafios atuais, Luciana também apontou que os riscos de manipulação da informação no cenário atual são semelhantes aqueles dos anos 20 e é preciso saber discernir: “Alguns desafios são antigos, outros, novos”, disse, lembrando que hoje há o fenômeno dos algorítmos. “O bom jornalismo precisa ser resgatado”, disse, referindo-se ao esforço de pioneiros como Chatô. “Entre erros e acertos, nessa trajetória toda, ele deixou um legado brasileiro.”

Para a ministra, preservar a memória de figuras como Chateaubriand é essencial para fortalecer o jornalismo nacional diante dos atuais interesses globais. “A memória do sistema de comunicação brasileiro se deve muito à trajetória fundamental que Chateaubriand percorreu.”

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