Ex-comandante da Marinha nega ter colocado as tropas à disposição de Bolsonaro para ataque ao Estado de direito, e general Heleno refuta plano contra a democracia. Ex-ministro da Defesa se desculpa com Moraes e o elogia
O ex-comandante da Marinha Almir Garnier negou, em interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira, ter colocado as tropas à disposição do ex-presidente Jair Bolsonaro para um golpe de Estado. “Eu nunca usei essa expressão. Nunca disponibilizei tropas para ações dessa natureza”, sustentou.
A negativa vai na contramão do que disseram os ex-comandantes do Exército Marco Antônio Freire Gomes e da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Júnior, de que o colega da Marinha aderiu prontamente às intenções golpistas de Bolsonaro. O assunto teria sido discutido em reunião no Palácio da Alvorada, em dezembro de 2022, com a participação, também, do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira.
O militar afirmou ter sido o último a chegar à reunião. “Quando entrei, já percebi que tinha havido algum tipo de desentendimento, discussão, e a reunião foi encerrada”, comentou.
Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), a minuta golpista teria sido apresentada em outro encontro com a presença de Bolsonaro. Garnier afirmou que o ex-chefe do Executivo apenas “apresentou as considerações dele que pareciam mais preocupações e análises de possibilidades”.
Também ouvido nesta terça-feira, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres procurou se esquivar de responsabilidade sobre a minuta golpista, apreendida em sua casa. “Esse documento foi entregue no meu gabinete no Ministério da Justiça e eu coloquei em uma pasta. Eu nem lembrava dessa minuta”, ressaltou. “Na verdade, ministro, não é a minuta do golpe. Eu brinco que é a minuta do Google, porque está no Google até hoje. O documento era muito mal escrito. Não sei quem fez, não sei quem mandou fazer e nunca discuti esse tipo de assunto.”
Ele ainda alegou não ter responsabilidade sobre os ataques golpistas de 8 de janeiro, que aconteceram quando era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Disse que, na ocasião, estava nos Estados Unidos com a família e, por isso, não poderia ter tido participação nos atos.
Por sua vez, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno preferiu se manter em silêncio durante o interrogatório feito pelo relator da trama golpista, o ministro Alexandre de Moraes. Ele respondeu apenas às perguntas de seu advogado. Negou ter participado ou ter tido conhecimento do plano antidemocrático, além de envolvimento no caso da Abin paralela, em que o órgão teria sido usado para espionar ilegalmente adversários políticos.
Afagos ao relator
Já o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira se desculpou com Moraes por ataques ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando o magistrado chefiava a Corte. O militar defendeu as urnas eletrônicas e se retratou por “palavras mal colocadas”.
Em reunião ministerial em julho de 2022, cuja filmagem veio a público, Nogueira disparou contra as urnas e afirmou que a pasta estava na “linha de contato com o inimigo” ao participar da comissão de transparência criada pelo próprio TSE para fiscalizar o pleito.
“Inicialmente, presidente, eu queria me desculpar publicamente por ter feito essas colocações naquele dia”, disse o ex-ministro. “Quando vi esse vídeo posteriormente, eu não acreditei”, acrescentou.
O réu fez elogios o trabalho de Moraes no comando da Corte Eleitoral naquele ano. “As coisas melhoraram sensivelmente (na comissão). A ascensão de Vossa Excelência no TSE melhorou a nossa vida, como a implementação do teste de integridade das urnas”, afagou.
O último a ser interrogado foi o general Walter Braga Netto. O ex-ministro de Bolsonaro participou por meio de videoconferência, pois está preso por tentativa de atrapalhar as investigações.
Ele rechaçou as acusações das quais foi alvo na delação do ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid e negou ter transportado dinheiro em sacolas de vinhos para financiar o plano golpista.
“O Cid veio atrás de mim perguntando se o PL poderia arrumar o dinheiro. Era muito comum o presidente Jair Bolsonaro, ou o Valdemar, ou outro, pedirem para pagar contas de campanha atrasadas. Eu virei para ele e disse: procura o tesoureiro. Eu não tinha contato com empresários, então não dei dinheiro para o Cid”, declarou.
Com o fim dos interrogatórios do núcleo crucial do golpe, Moraes revogou a proibição de contato entre os réus da ação penal. A próxima etapa do processo será marcar as oitivas dos outros núcleos da trama antidemocrática.
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