No mês que se comemora o Dia do Professor, diretora do Sinpro-DF fala sobre os desafios que a categoria enfrenta no retorno às aulas presenciais
Em entrevista ao TaguaCei, uma das diretoras do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), Rosilene Corrêa, disse que, nos mês que se comemora o Dia do Professor – ocorrido no dia 15 –, a celebração deve ocorrer pela vida dos profissionais de educação e também dos alunos que conseguiram sobreviver à uma pandemia que já ceifou a vida de mais de 600 mil brasileiros, sendo mais de 10 mil só no DF.
Para Corrêa, essa comemoração se faz ainda mais necessária depois que a Secretaria de Educação (SES-DF) autorizou o retorno parcial e gradativo dos alunos às aulas presenciais. Com isso, como ressaltou a diretora, a exposição dos servidores e também dos alunos aumentou e pode ser constatada nas mais de 120 escolas que já registraram casos de professores e alunos contaminados.
“Isso é bastante preocupante. Nós já temos situações não só de professores, mas também de pessoas que frequentam a escola, é um número bem alto de pessoas infectadas”, diz a diretora.
Mas, segundo ela, a situação deve piorar, caso a proposta do governador Ibaneis Rocha (MDB), de voltar com 100% dos alunos em aula presencial assim que 70% da população estiver vacinada seja concretizada. “Nós já nos manifestamos contrários a isso, pois a vacina não é garantia absoluta”, defende Corrêa.
A posição do Sinpro-DF é totalmente contrária às projeções do governo e, conforme salientou Corrêa, a categoria defende a tese de que as aulas só podem ser retomadas assim que toda população estiver no mínimo vacinada.
“Fizemos todo esforço até aqui e não podemos jogar por terra todo esse trabalho feito. Nós estamos caminhando para o final do ano letivo. Precisamos manter o controle”, lembrou a sindicalista.
Educação
O outro debate levantado por Rosilene Corrêa durante a entrevista foi a respeito da qualidade do ensino público no DF e também no país. Conforme ela fez questão de destacar, a educação precisa ainda ser mais bem considerada pelo poder público. E nesse sentido, ela explica, o anseio por um educação pública de qualidade vai além do aumento de salário dos professores.
“A relação do fazer educação é muito humanizada. Se não for, não funciona, não tem resultado. Por isso, nós estamos nessa jornada com tanta resistência. A educação no Brasil continua não tendo o tratamento que deveria”, afirma.
O baixo interesse dos jovens pela escola também é outro ponto que precisa ser debatido, uma vez que, com o surgimento da internet e de outras ferramentas tecnológicas, a escola teria perdido o seu papel de construtora da cidadania. “Tudo hoje em dia está na internet, mas a escola cumpre um papel que a internet não dá conta, que é essa formação ampla, que é o contato, que é o dia a dia, a convivência, o olho no olho, ou seja, uma formação cidadã não é a internet que irá dar”, pontua Corrêa.
Em outro momento, ela também falou sobre a situação da oferta do Ensino para Jovens e Adultos (EJA), que tem caído nos últimos anos. O DF, que se encontra no ranking dos estados da Federação que menos possuem analfabetos, corre sério risco de vir a perder essa posição em razão da baixa oferta de cursos nessa modalidade pela SES-DF.
“Nós precisamos é de ter mais escolas ofertando educação de jovens e adultos, especialmente com o noturno, que é para o trabalhador e a trabalhadora. E o que nós estamos tendo é o fechamento de turmas. E não estamos pedindo nada de mais, já que educação é um direito constitucional”, lembra a diretora do Sinpro-DF. Segundo ela, o sindicato irá reforçar, nas mídias comunitárias e também na grande imprensa, a campanha que determina ao governo a abertura de vagas na modalidade EJA para as escolas públicas.
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