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Sob Bolsonaro, Abin fez monitoramentos ilegais

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Agência usou irregularmente programa israelense que permite o rastreamento de celulares. Alvos da espionagem seriam desafetos do ex-presidente no Judiciário, na imprensa e no serviço público

Ramagem (D) dirigia a Abin no período em que o programa foi utilizado -  (crédito: Carolina Antunes/PR)

Ramagem (D) dirigia a Abin no período em que o programa foi utilizado – (crédito: Carolina Antunes/PR)

A Polícia Federal deflagrou, ontem, uma operação para desmontar um esquema de vigilância paralela, que, de acordo com as investigações, foi usado no governo de Jair Bolsonaro para, supostamente, bisbilhotar servidores públicos, jornalistas e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Na mira da arapongagem, feita pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e à margem de autorizações judiciais, estariam desafetos e adversários do ex-presidente.

A operação, batizada de Última Milha, refere-se ao software utilizado nas bisbilhotagens — o First Mile (Primeira Milha), de fabricação da empresa israelense Cognyte (ex-Verint) e capaz de espionar até 10 mil telefones celulares a cada 12 meses. O sistema detecta um indivíduo com base na localização de aparelhos que usam as redes 2G, 3G e 4G.

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Além de vasculharem a sede da Abin, em Brasília, agentes fizeram buscas em endereços em São Paulo, Goiás, Paraná e Santa Catarina. As ordens foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal federal (STF), que determinou, ainda, o afastamento de funcionários da agência.

Um deles é Paulo Maurício Fortunato Pinto, número 3 da Abin. Em abril, o Correio trouxe à tona suspeitas que envolviam seu nome (relembre este episódio na reportagem abaixo). Dois servidores foram presos e demitidos: Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Izycky, detidos no Distrito Federal. Outro alvo da operação foi o filho do general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo de Bolsonaro. Caio Cesar dos Santos Cruz era representante da fabricante do First Mile.

Em 2016, Izycky foi palestrante na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre crimes cibernéticos, na Câmara dos Deputados. Atuou em investigações contra terrorismo eletrônico quando da visita do papa Francisco ao Brasil, em 2013, e na Copa do Mundo de 2014. Trabalhou também na segurança da Olimpíada do Rio, em 2016.

De acordo com a PF, “além do uso indevido do sistema, apura-se a atuação de dois servidores (Colli e Izycky) da agência que (…) teriam utilizado o conhecimento sobre o uso indevido do sistema como meio de coerção indireta para evitar a demissão”.

Suspeitas

Os senadores governistas suspeitavam das ligações de Fortunato com o governo Bolsonaro. Ontem, em uma residência relacionada ao diretor, a PF encontrou aproximadamente US$ 172 mil (R$ 855 mil) em espécie.

Os alvos da bisbilhotice eram advogados, servidores, jornalistas e ministros do Supremo, assim como juízes auxiliares. A arapongagem tentou fazer um cerco ao STF, com monitoramento em massa de quem circulava pela Corte: foram mais de 33 mil acessos da localização telefônica dos alvos. Porém, apenas 1,8 mil dados das invasões que foram feitas, inclusive identificando os alvos, estão por ora nas mãos da PF.

O First Mile foi adquirido em 2018, no governo Michel Temer, por R$ 6 milhões e sem licitação. Passou a operar quatro dias antes de Bolsonaro assumir a Presidência. O ex-presidente colocou o delegado federal Alexandre Ramagem — hoje deputado federal pelo PL-RJ —, à frente da Abin, cujo cargo ocupou de 2019 a 2022. Ele foi escolhido por ter participado da equipe que fez a segurança de Bolsonaro, durante a campanha eleitoral de 2018 — e conquistou a confiança da família. Contra o parlamentar, porém, não pesa qualquer indício de irregularidade.

A Abin afirmou que o First Mile foi utilizado até maio de 2021 e colabora com as investigações. (Com Agência Estado)

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Jornalista

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